Para a representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, Elisa Tonda, a definição de “economia verde” deve ser entendido a partir de critérios como baixa emissão de carbono, uso eficiente de recursos e economia sustentável.
Ela defendeu um investimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para estimular a transição para um modelo econômico limpo, considerando que a decisão é eminentemente política. Foi mencionado o exemplo de Barbados, onde o chefe de governo tomou a decisão de transformar a economia do país numa economia verde, focando nos setores de turismo, agricultura e construção.
A presidente da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (Ecoeco), Maria Amélia Enríquez, mostrou preocupação com o aumento da pressão sobre os recursos naturais causado pelo crescimento demográfico e pelo maior acesso das populações de países emergentes ao mercado de consumo.
Reiterando a importância do investimento de 2% do PIB, afirmou que esses recursos, se aplicados em novas tecnologias ecológicas, permitiriam um crescimento superior ao da chamada “economia marrom”.
Maria Amélia defendeu uma justiça distributiva, que não é viabilizada pela economia tradicional, e uma orientação política rumo a uma economia verde. Em sua opinião, fatos como o apagão de 2001, que acostumaram a população a economizar energia elétrica, mostram que é possível mudar os padrões de consumo. Ela também destacou a importância da mídia nesse processo.
O professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Donald Sawyer, lamentou que “desenvolvimento sustentável” seja um termo “usado e abusado”, mas sublinhou que o sentido da expressão continua sendo útil.
Em sua opinião, falta respaldo para a economia verde, o que pode levar à falta de consenso nas conferências internacionais. Para Sawyer, que criticou o greenwashing (afetação de práticas ambientalmente corretas para fins de marketing), a economia verde não pode ser pontual e empresarial, mas pública, “no sentido amplo do termo”.
A ex-senadora Serys Slhessarenko, embaixadora do Brasil para a Rio+20, que acompanhou a reunião, lembrou que o Brasil tem sido convidado muitas vezes a cúpulas internacionais desde o início da crise de 2008 e assinalou que a erradicação da pobreza é sempre um ponto essencial nas discussões ambientais.
A conferência Rio+20, que acontecerá em junho de 2012, vai retomar, duas décadas mais tarde, os debates da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro (Rio 92).