Redução do etanol na gasolina deve ter baixo impacto nos preços

Situação atual do mercado se deve à combinação de menor produção do biocombustível e aumento de carros flex em circulação no paísA redução na mistura de etanol na gasolina deve ter um baixo impacto nos preços. A Medida Provisória 532, do governo federal, prevê diminuir essa proporção para até 18%. De acordo com analistas, a situação atual do mercado se deve à combinação de uma menor produção de etanol e o aumento de carros flex em circulação no país.

Este ano o principal fator que está afetando o preço do etanol é a oferta, até mais do que a demanda firme por carros flex. A atual safra começou mais tarde, na metade de abril, prejudicada por problemas das safras anteriores. Em 2011, o excesso de chuvas também atrasou as colheitas desta safra. O analista de mercado Fábio Silveira afirma que o alto preço do etanol é o desequilíbrio entre oferta e demanda.

? Temos uma escassez relativa de etanol no mercado brasileiro, porque a produção de cana e de etanol não cresceu de forma significativa nos últimos tempos, e a demanda doméstica por etanol apresentou um ritmo bastante importante de crescimento. O Brasil pode retomar os seus investimentos e crescer, de forma significativa, em termos de expansão de capacidade de produção de cana-de-açúcar, etanol e açúcar também nos próximos anos, o que seria excelente para o setor sucroalcooleiro no país ? disse Fábio Silveira.

A Medida Provisória 532, de abril, prevê a redução de etanol anidro na gasolina para até 18%. Atualmente, esse valor está entre 20% e 25% – um limite que, segundo especialistas, os motores fabricados no Brasil suportam. O consultor em agronegócio e bioenergia, Paulo Costa, concorda com a ideia do governo de diminuir essa mistura.

? É prudente do governo fazer a diminuição da mistura para 18% – que é um novo mínimo, novo piso de mistura, o mais rápido possível para que seja menor o desabastecimento do etanol anidro para misturar na entressafra ? observou Paulo Costa.

O analista de mercado Júlio Maria Borges projeta que a safra 2011/2012 deve alcançar uma produção próxima da anterior: em torno de 26 bilhões de litros de etanol. Na safra passada, 27,5 bilhões de litros foram produzidos. Para ele, o abastecimento vai ficar pior e os preços tendem a aumentar.

? O problema é falta de etanol para abastecer o mercado. E a mistura não vai resolver problema na produção; vai administrar a demanda. Com a redução na mistura nós vamos tirar um pouco de pressão de mercado de carro flex, e a disponibilidade de (etanol) hidratado para o carro flex aumenta. Em contrapartida, vai haver a necessidade de mais gasolina no mercado ? falou Júlio Maria Borges.

O especialista avalia ainda que novos investimentos estão programados para este ano, mas o reflexo nos preços só deve acontecer no curto prazo.

? Olhando o horizonte de até três anos, nós só poderemos ter mais etanol se o preço do açúcar no mercado externo cair. E é bem provável que ele caia. Aí nós vamos ter mais etanol as custas de menos açúcar, porque a área de cana, se crescer neste período de até três anos, vai crescer de maneira, relativamente, modesta ? completou Júlio Maria Borges.