Segundo os economistas do Serasa Experian, o crescimento da inadimplência no semestre é justificado pelos efeitos da política monetária para controle da inflação, alta dos juros, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e encarecimento do crédito.
A inadimplência do consumidor também apresentou crescimento nas comparações mensais e anual. Na relação mensal, o índice perdeu o fôlego e registrou alta de 7,9%, na comparação com maio. Na análise anual, o indicador apontou crescimento de 29,8% (em maio o percentual foi de 21,7%), representando o maior aumento desde maio de 2002.
De acordo com os economistas, a evolução ocorreu em quase todas as modalidades de pagamento, excluindo apenas os protestos. O consumidor enfrenta uma redução no poder aquisitivo e o crescente endividamento dificulta o pagamento das dívidas assumidas anteriormente. Eles chamam atenção para o crescimento da inadimplência com cheques, devido a vários segmentos do varejo intensificarem o uso do pré-datado, para contornar os custos com cartões de crédito e para aliviar o consumidor do maior IOF.
De acordo com os economistas, no contexto de inadimplência em alta, deve-se considerar um problema estrutural que também contribui para esse fato. A atual configuração do sistema de informações de crédito, baseada nos dados negativos, não é mais suficiente para apoiar uma boa decisão de crédito. É necessário reverter esta situação, o mais breve possível.
Com a adoção de informações abrangentes, comportamentais, como é o cadastro positivo, melhor será a avaliação do risco de crédito, como é feito no resto do mundo. Dar condições para a ampliação da eficiência do mercado é determinante para um crédito bem concedido e para a redução da inadimplência, conforme sustentam os especialistas.