Os 540 assentamentos, existentes em Mato Grosso, concentram quase dois terços dos agricultores familiares do Estado. São mais de 99 mil famílias que dependem do campo para viver. O Plano Safra direcionado para o segmento representa a chance de progredir na atividade.
Os produtores dos assentamentos se reuniram para acompanhar a cerimônia de lançamento, transmitida ao vivo pelo Canal Rural. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri ? MT), Adão da Silva, disse que o plano desagradou à maioria, pois não atende o setor.
Durante o anúncio os produtores conversaram sobre o atual cenário da agricultura familiar no Estado. Muitos sofrem com os mesmos problemas, centralizados na dificuldade de ter acesso aos créditos oficiais.
Na última safra, os agricultores familiares de Mato Grosso acessaram somente R$250 milhões dos recursos disponibilizados pelo governo em todas as linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O volume é considerado bem abaixo do que é necessário para atender a real demanda do setor, que gira em torno de R$ 1,6 bilhão. O problema, segundo as lideranças, é o excesso de burocracia e de exigências, que impedem que muitos produtores consigam contratar estes financiamentos.
O agricultor familiar Antônio Paulo da Silva tem certeza de que não vai conseguir acessar os recursos anunciados, pois está em dívida com o banco. O produtor Jurandir Joaquim da Silva enfrenta outro problema. Ele é dono de um lote no município de Tabaporã, região norte do Estado, e não tem direito a acessar o Pronaf. A cidade está na lista das regiões que mais desmatam a Floresta Amazônica, e os assentamentos instalados no local estão impedidos de ter acesso a créditos oficiais.
Outro fator que dificulta o acesso aos recursos do Pronaf é a falta da homologação das áreas. A estimativa da Fetagri é de que, em Mato Grosso, apenas 5% das famílias assentadas estejam devidamente regularizadas.