? O Cade tem sido sensível aos nossos argumentos. Amanhã temos sessão em andamento e esperamos que haja solução que preserve a Brasil Foods ? disse Wilson de Melo Neto, que representou a holding resultante da fusão na audiência.
Ele informou que a empresa busca uma solução que permita a continuidade do negócio.
? Sem esquecer funcionários, acionistas e consumidor, que é a razão principal da existência da BrFoods.
Melo Neto expôs dados sobre a empresa e negou que haverá demissões ou aumento de preços por causa da fusão, mas não quis dar informações sobre os termos do acordo que está sendo costurado com o Cade.
? Por força de lei, a negociação é confidencial e não posso falar sobre temas sensíveis ? explicou.
O procurador-geral do Cade, Gilvandro Vasconcelos, disse que o órgão é sensível à abrangência da operação e à importância da empresa.
? Mas todos os interesses defendidos pela empresa devem ser sopesados [contrabalançados] com eventuais prejuízos e dificuldades que consumidor pode ter com a operação.
Também disse que a operação precisa ter um desenho melhor, com mais restrições, e que algumas informações confidenciais precisam ser abertas.
A confidencialidade de informações foi motivo de crítica do deputado Ivan Valente (P-SOL-SP), um dos que convocaram a audiência pública.
? Não podemos fazer audiência de faz de conta. Como a negociação é secreta, não temos nada que fazer aqui ? reclamou.
O julgamento do ato de concentração no Cade começou no início de junho, mas foi suspenso por um pedido de vista após um voto duro do relator, Carlos Ragazzo, contra a fusão. Ele afirmou que a operação traria danos irreversíveis para o consumidor e que a compra dos ativos da Sadia pela Perdigão não era a única saída para a crise financeira da empresa.