Indústrias de Santa Catarina serão colocadas à venda para atender acordo entre BRF e Cade

Comprador das fábricas de alimentos localizadas em Salto Veloso (SC) e Lages (SC) ainda é desconhecidoDuas unidades de Santa Catarina fazem parte das 10 fábricas e outros ativos que a BRF - Brasil Foods terá que se desfazer para atender o acordo feito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que aprovou a fusão entre Sadia e Perdigão.

A fábrica de hambúrgueres e processados de carnes de Salto Veloso (SC), e a indústria de pizzas e pratos prontos de Lages (SC) serão colocadas à venda.

Como o comprador terá que assumir todo o pacote de ativos da BRF, que soma mais de R$ 3 bilhões ? conforme decisão do Cade ?, estão cotadas as principais empresas do setor, como Tyson Foods, Marfrig e o frigorífico JBS, maior do mundo em carne bovina. Embora nenhuma das três companhias comente o assunto, a Marfrig já pediu preferência sobre o espólio para a direção da BRF. E a JBS está atenta à oportunidade de ampliar sua presença em outros mercados, portanto, também tem interesse em arrematar o pacotão.

Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Alimentação de Santa Catarina (Fetiaesc), Miguel Padilha, o importante é que o comprador esteja interessado em manter as atividades em Santa Catarina, segundo Estado em unidades da BRF, atrás do Rio Grande do Sul.

? Pelo que está colocado, só JBS, Marfrig e Tyson Foods teriam condições, e por isso estão no páreo. Mas também pode ser alguma multinacional. Para os trabalhadores, é indiferente se for estrangeira ou não, desde que as fábricas não sejam fechadas. Mas acreditamos que ninguém vai comprar um pacote desses para vender depois ? avalia.

Os trabalhadores têm apenas a garantia de que os empregos devem ser mantidos por seis meses. A unidade de Salto Veloso emprega 600 funcionários, e a de Lages, 550 empregados. O temor de que a unidade de Videira (SC) da Perdigão fosse vendida não se comprovou, segundo Padilha. A BRF confirma que vai preservá-la.

O presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri, diz que nenhuma agroindústria vai anunciar investimentos por enquanto. Segundo ele, o setor está em compasso de espera até que uma missão do Japão venha ao Estado para inspecionar as condições sanitárias para abrir seu mercado para as carnes suínas de Santa Catarina.

? O Japão é o maior mercado de carne suína do mundo (1,3 milhão de toneladas por ano) e as empresas do setor estão segurando seu planejamento. Se a missão do dia 28 de agosto for positiva, Santa Catarina deve embarcar 100 mil toneladas ainda este ano.

A marca secundária Excelsior, fábrica do Rio Grande do Sul de embutidos, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Imobiliários, informa que a controladora deve apresentar, ao Cade, documento com o nome do comprador até março de 2012.

Saiba o que prevê o acordo