Após percorrer a BR-158 para verificar a situação da estrada em Mato Grosso, o Estradeiro Aprosoja segue a rodovia federal ate o porto de Marabá, no Pará. O caminho é uma das formas de escoamento da safra agrícola do Estado.
Os problemas na rodovia começam a se intensificar na altura da antiga PA-150, que hoje é a BR-155. A pavimentação precária oferece perigos constantes para os motoristas, especialmente à noite, quando a visibilidade é reduzida. O caminhoneiro João Batista Caires Lopes se sente desestimulado a trabalhar com a estrada nas condições atuais.
? Se ficar do jeito que está, não tem condições. Não tenho vontade de continuar. Melhor vender picolé a ser caminhoneiro ? desabafou o motorista.
Segundo a classe produtora, será preciso implementar melhorias para suportar a demanda esperada, que pode chegar a três milhões de toneladas de grãos.
Na última semana, um projeto do governo do Pará sinaliza melhoras na infraestrutura para o escoamento da produção. O programa ? que foi assumido pelo governo federal, através do DNIT ? consiste em implantar um terminal multi-modal, cuja capacidade de movimentação de carga poderá chegar a 10 milhões de toneladas por ano. A produção poderá seguir por hidrovia até os portos de Outeiro ou Barcarena, ambos no Pará.
Outra opção para o escoamento da safra mato-grossense é a ferrovia Norte-Sul, que, ao invés de subir até Marabá, segue até Colinas, em Tocantins. O terminal, inaugurado em março do ano passado, tem capacidade transportar 80 mil toneladas por mês. Contudo, apesar de nova, a infraestrutura do local já é contestada pelos motoristas.
? Você chega meio-dia e só vai classificar à noite. Você perde tempo. Hoje o lema é “tempo é dinheiro” ? diz o caminhoneiro, Wagner Ribeiro.
Além dos problemas dos principais acessos, rotas alternativas para o abastecimento interno também precisam de atenção. Na divisa do Pará com Tocantins, é preciso usar uma balsa para atravessar o rio Araguaia. Os motoristas reclamam da demora e dos custos adicionais.
? Às vezes, acontece de alguém chegar tarde e, por problema de filas, a balsa chega depois de meia noite no frigorífico e não descarrega. Tem que dormir lá ? desabafa Joel Alves Pires.