? Sei que o mundo tem medo de mudanças, nos acostumamos com o chão que nossos pés pisam ? afirmou.
? Sempre que apresentam uma coisa para a gente, mesmo que seja melhor, a gente tem medo, tem dúvida. Na verdade, se nós quisermos garantir mais geração de emprego, de renda, mais preservação ambiental, temos que pensar mais seriamente em novas matrizes energéticas no mundo ? completou.
Aos críticos dos biocombustíveis, a melhor resposta, segundo Lula, é a experiência brasileira de mais de 30 anos na produção do etanol.
? Nossa produção de etanol e de alimentos nasceu de uma grande transformação do campo brasileiro. Graças aos esforços de nossos pesquisadores e ao espírito empreendedor dos agricultores brasileiros ? enfatizou.
Ele destacou que o país aprendeu a explorar o “potencial transformador” do etanol e do biodiesel em termos de geração energética, geração de emprego e renda e redução das emissões de gás carbônico.
Lula também fez questão de eximir os biocombustíveis de qualquer responsabilidade na crise mundial de alimentos, que ele atribuiu à especulação nos mercados financeiros e de matérias-primas.
? A crise alimentícia é provocada pela especulação derivada da alta do petróleo e da alta nos preços das matérias-primas ? afirmou.
Alguns governos, organizações internacionais e da sociedade civil atribuíram a escassez mundial de alimentos aos biocombustíveis, porque, para sua produção, são utilizadas matérias-primas como o milho e a cana-de-açúcar. Também acusaram essa indústria de pôr em risco a biodiversidade e de utilizar condições de trabalho degradantes.
? Uma boa parte do aumento dos preços dos alimentos é porque há mais pobres comendo no mundo e é normal que haja um aumento do consumo, mas há muitas matérias-primas especuladas no mercado de futuros a preço absurdos ?ressaltou.
O presidente disse também que é preciso que o álcool combustível deixe de ser “amaldiçoado” e criticou as taxações impostas aos biocombustíveis.
? Quem sabe um dia o álcool não seja tão feio e tão amaldiçoado por alguns que impõem sobre ele tarifas que não impõem sobre o petróleo.
Segundo ele, é um “paradoxo” que um combustível limpo e não poluente seja taxado e o petróleo, que é poluente, não.
? Isso significa que é preciso tratar com mais seriedade a questão ambiental ? avaliou.
O presidente também defendeu a adoção dos biocombustíveis pelos países ricos, de maneira a ajudar nações pobres.
? O que nós gostaríamos é que os países ricos, ao adentrarem a era dos biocombustíveis, façam parcerias com países mais pobres, sobretudo a África, para que a gente possa produzir lá parte dos biocombustíveis que os países ricos desejam, que é uma forma de ajudar desenvolver a África e resolver o problema da imigração ? destacou.
As declarações do presidente foram feitas durante discurso no encerramento da 1º Exposição Internacional de Biocombustíveis, em São Paulo.