Nelson Jobim pede demissão e Celso Amorim assumirá o Ministério da Defesa

Situação do ex-ministro se deteriorou após divulgação de críticas que fez ao governoO Palácio do Planalto confirmou a saída do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro, que estava em Tabatinga (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia, teve que antecipar o retorno a Brasília, chamado pela presidente Dilma Rousseff. A ministra da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, informou que o ex-chanceler do governo Lula, Celso Amorim, vai ser o novo ministro da Defesa.

A situação de Jobim se deteriorou depois que foram divulgados trechos de uma entrevista dele à revista Piauí, que circula nesta sexta, dia 5, com críticas ao governo e, em especial, à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Na entrevista, Jobim disse que Ideli é uma ministra “muito fraquinha” e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, “não conhece Brasília”. Não foi a primeira vez que Jobim causou desconforto à presidente Dilma. Na semana passada, o ex-ministro revelou que, na última eleição presidencial, votou em José Serra por razões pessoais.

Um dos nove ministros a ficar no cargo após Dilma Rousseff assumir a Presidência, Nelson Jobim deixa o Ministério da Defesa depois de quatro anos de gestão. Convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir o então ministro Waldir Pires, Jobim aceitou, em julho de 2007, o desafio de controlar a crise aérea instalada nos aeroportos brasileiros.

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (2004-2006) e ex-ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1997), Jobim assumiu cobrando pontualidade e segurança das empresas aéreas. Também promoveu mudanças nas direções da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), então alvos de denúncias de ineficiência e corrupção.

Graças a isso, Jobim conseguiu atenuar os problemas no setor aéreo. No entanto, as propostas de construção de um novo aeroporto em São Paulo e o estímulo à maior concorrência na atividade não se concretizaram.

Na área militar, Jobim ganhou prestígio com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Junto com o ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos Roberto Mangabeira Unger, Jobim elaborou a Estratégia Nacional de Defesa. Aprovada em dezembro de 2008 na forma de decreto presidencial, o plano estabelece ações de médio e longo prazo com o objetivo de modernizar a estrutura nacional de defesa por meio da reorganização das Forças Armadas, da reestruturação da indústria nacional de material de defesa e de uma nova filosofia de emprego das Forças Armadas.

A iniciativa sofreu forte impacto devido ao corte no orçamento de 2011. O contingenciamento de mais de R$ 4 bilhões (26,5% do orçamento do ministério) comprometeu o reaparelhamento das Forças Armadas.