O pedido de liberação foi feito em dezembro de 2010 pela Embrapa e é o segundo item da pauta de votações desta quinta da CTNBio, responsável pela liberação comercial de organismos geneticamente modificados no Brasil.
Um dos responsáveis pelo projeto, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Francisco Aragão disse que a aprovação do feijão transgênico pode reduzir significativamente o índice de perda nas lavouras.
? O vírus do mosaico dourado ocorre em todas as regiões em que se planta feijão no Brasil e as perdas anuais equivalem a uma quantidade que poderia alimentar entre 9 milhões e 18 milhões de pessoas adultas ? compara.
Aragão disse ainda que a pesquisa para chegar ao grão geneticamente modificado durou dez anos e é a primeira desenvolvida exclusivamente por uma instituição pública brasileira.
A presidente da Associação Nacional de Biossegurança, Leila Macedo Oda, defendeu a liberação comercial do feijão geneticamente modificado e argumentou que a medida deverá beneficiar principalmente os pequenos produtores.
? O cultivo do feijão é praticamente exclusivo de pequenos agricultores, que acabam perdendo toda a produção quando a lavoura é atingida pelo mosaico dourado. Esse trabalho da Embrapa terá um impacto social grande, além de ser pioneiro, desenvolvido por cientista brasileiros, que não pagará royalties ? avaliou.
Apesar do entusiasmo da comunidade cientifica, o feijão transgênico enfrenta resistência de movimentos sociais, organizações ambientalistas e associações de pequenos produtores. As entidades questionam a ausência de estudos com o novo feijão em todos os biomas brasileiros e a falta de dados sobre os possíveis impactos da modificação genética sobre todas as variedades do grão consumidas no país.
Em julho, entidades ligadas à Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) divulgaram uma moção de repúdio ao projeto da Embrapa, em que avaliam o novo feijão como “uma grave ameaça à segurança e à soberania alimentar e à agrobiodiversidade”.