Preocupado com uma possível quebra de safra, o governo federal lançou medidas de socorro. De início, antecipou R$ 5 bilhões da comercialização para o custeio. Entre outras ações emergenciais, também elevou a parcela de recursos que os bancos são obrigados a aplicar no crédito agrícola, o que injetou no sistema financeiro mais R$ 8 bilhões. Mas para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que participou nesta segunda da última reunião ministerial do ano, o agronegócio não está sofrendo tanto com a crise como os outros setores.
? Dentro de um contexto mundial, os impactos na agricultura brasileira podem até ser considerados pequenos. O que o governo pode garantir é que toda ajuda necessária será colocada à disposição do mercado .
Mas produtores reclamam que o dinheiro não está chegando. Segundo parlamentares da bancada ruralista, um dos problemas é a restrição de crédito a quem renegociou as dívidas.
O Banco do Brasil alerta que o produtor precisa ser cauteloso ao apelar para novos financiamentos e rolagens de dívidas, porque terá seu risco elevado entre os agentes financeiros. Com a escassez de recursos das tradings, a procura por crédito oficial é maior. Entre julho e outubro, houve um aumento de 46% na liberação de recursos para o custeio, em relação ao mesmo período do ano passado.
O vice-presidente de agronegócio do banco, Luis Carlos Guedes, concorda que o valor ainda é insuficiente, pois as fontes oficiais cobrem apenas um terço dos custos da safra. Por isso, ele é a favor de uma reforma em todo sistema de financiamento rural.
? Introduzir alterações no atual sistema financeiro da agricultura, de tal forma que possamos diminuir o risco dos agentes financeiros, decorrentes do próprio risco da atividade agropecuária e, para isso, o seguro rural e a implementação dos mecanismos de mercado futuro devem ser introduzidos.
Em meio a tantas dúvidas quanto ao presente e ao futuro do agronegócio brasileiro, a nova presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, promete agir junto com o governo para evitar o caos no campo.
? Nós queremos nos unir à OCB, às entidades de classe, ao ministro Reinhold Stephanes, ao Banco do Brasil, ao tesouro do nosso país. Nós precisamos achar uma solução, nem pra mais, nem pra menos, mas que viabilize de fato o agronegócio brasileiro como o grande garantidor da manutenção da não-inflação do país.