Fim da safra de tomates em São Paulo aumenta preço do produto e anima agricultores

Apesar da qualidade baixar no final da safra, diminuição da oferta aumenta valores pagos ao produtorA safra de tomates no Estado de São Paulo está quase terminando. Bom para o produtor. Diminuindo a oferta, os preços devem voltar a subir. Só no último mês, o produtor perdeu quase 40% em rentabilidade.

Há 20 anos o produtor rural Gerson Stein planta tomates. Herdou do pai e do avô o gosto pela atividade, que aliás, mudou muito nos últimos anos. Segundo ele, é mais difícil agora.

? Hoje em dia o custo de semente é caro, o adubo ficou muito caro, a mão de obra ficou muito cara por causa das exigências do Ministério do Trabalho. Então o risco ficou muito maior ? diz Gerson Stein.

A região onde Gerson Stein tem plantação já foi um polo de produção no Estado de São Paulo. O município é Sumaré, a pouco mais de 100 quilômetros da Capital. Segundo Stein, antes havia mais produtores na cidade, mas hoje a qualidade do produto é melhor, pois as lavouras são mais tecnificadas. O material para suspender o pé de tomate agora é reciclável, e já não se usam mais as estacas de taquara. O sistema de irrigação é por gotejamento, o que facilita o controle da vazão de água. É um investimento que faz a diferença no bolso, reduz o custo.

? É uma questão de competitividade, se nós ficarmos plantando no sistema de 30 anos atrás, não conseguiremos sobreviver com a rentabilidade de hoje. Nós precisamos fazer isso para aumentar a produtividade ? observa Stein.

E a produtividade aumentou mesmo. A diferença é grande. O pai de Gerson Stein precisava da produção de cinco pés de tomate para encher uma caixa. Hoje, com três pés já é suficiente.

Além de cultivar o tomate, o produtor precisa ser bom de conta também. No cálculo da produtividade, é preciso considerar o tamanho do tomate. No começo da safra, a maioria dos tomates são graúdos. Uma caixa destes tomates sai por R$ 30. Mais no final da colheita, como agora, boa parte dos tomates são bem pequenos e a caixa sai por R$ 6. Essa é uma das explicações para tanta oscilação no preço do tomate pago ao produtor.

Outro fator é o clima. No ano passado, foi bem favorável no Estado de São Paulo, o que estimulou a produção. Mas, com maior oferta, o preço caiu no segundo semestre. Gerson Stein chegou a vender a caixa em média por R$ 10. Hoje está valendo R$ 22.

Um levantamento feito pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) comprova o sobe e desce que o produtor tem que enfrentar todo ano. De um mês para o outro já se vê uma diferença grande. Em junho deste ano o produtor recebeu pela caixa de 22 quilos do tomate para mesa em São Paulo R$ 43,82. Em julho já caiu para pouco mais de R$ 25,42. Um valor 42, 5% menor.

O pesquisador do IEA, José Sidnei Gonçalves, chama isso de efeito gangorra dos preços, muito comum nos produtos perecíveis.

? Tem uma época que tem muito tomate no mercado e o preço vai lá embaixo, que é o que está acontecendo agora. De repente, começa a escassear e você já está com os tomates com qualidade não tão boa, aí começa o processo de escassez relativa mesmo, e o preço volta lá para cima. As amplitudes são muito altas neste mercado ? declara José Sidnei Gonçalves.

A gangorra não chega a ser surpresa para o produtor. Agora, com o fim da safra, a situação tende a melhorar.

? O ano passado foi realmente muito custoso para nós. A gente fechou no vermelho. Este ano estamos conseguindo recuperar o prejuízo do ano passado ? conclui Stein.