Há 20 anos o produtor rural Gerson Stein planta tomates. Herdou do pai e do avô o gosto pela atividade, que aliás, mudou muito nos últimos anos. Segundo ele, é mais difícil agora.
? Hoje em dia o custo de semente é caro, o adubo ficou muito caro, a mão de obra ficou muito cara por causa das exigências do Ministério do Trabalho. Então o risco ficou muito maior ? diz Gerson Stein.
A região onde Gerson Stein tem plantação já foi um polo de produção no Estado de São Paulo. O município é Sumaré, a pouco mais de 100 quilômetros da Capital. Segundo Stein, antes havia mais produtores na cidade, mas hoje a qualidade do produto é melhor, pois as lavouras são mais tecnificadas. O material para suspender o pé de tomate agora é reciclável, e já não se usam mais as estacas de taquara. O sistema de irrigação é por gotejamento, o que facilita o controle da vazão de água. É um investimento que faz a diferença no bolso, reduz o custo.
? É uma questão de competitividade, se nós ficarmos plantando no sistema de 30 anos atrás, não conseguiremos sobreviver com a rentabilidade de hoje. Nós precisamos fazer isso para aumentar a produtividade ? observa Stein.
E a produtividade aumentou mesmo. A diferença é grande. O pai de Gerson Stein precisava da produção de cinco pés de tomate para encher uma caixa. Hoje, com três pés já é suficiente.
Além de cultivar o tomate, o produtor precisa ser bom de conta também. No cálculo da produtividade, é preciso considerar o tamanho do tomate. No começo da safra, a maioria dos tomates são graúdos. Uma caixa destes tomates sai por R$ 30. Mais no final da colheita, como agora, boa parte dos tomates são bem pequenos e a caixa sai por R$ 6. Essa é uma das explicações para tanta oscilação no preço do tomate pago ao produtor.
Outro fator é o clima. No ano passado, foi bem favorável no Estado de São Paulo, o que estimulou a produção. Mas, com maior oferta, o preço caiu no segundo semestre. Gerson Stein chegou a vender a caixa em média por R$ 10. Hoje está valendo R$ 22.
Um levantamento feito pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) comprova o sobe e desce que o produtor tem que enfrentar todo ano. De um mês para o outro já se vê uma diferença grande. Em junho deste ano o produtor recebeu pela caixa de 22 quilos do tomate para mesa em São Paulo R$ 43,82. Em julho já caiu para pouco mais de R$ 25,42. Um valor 42, 5% menor.
O pesquisador do IEA, José Sidnei Gonçalves, chama isso de efeito gangorra dos preços, muito comum nos produtos perecíveis.
? Tem uma época que tem muito tomate no mercado e o preço vai lá embaixo, que é o que está acontecendo agora. De repente, começa a escassear e você já está com os tomates com qualidade não tão boa, aí começa o processo de escassez relativa mesmo, e o preço volta lá para cima. As amplitudes são muito altas neste mercado ? declara José Sidnei Gonçalves.
A gangorra não chega a ser surpresa para o produtor. Agora, com o fim da safra, a situação tende a melhorar.
? O ano passado foi realmente muito custoso para nós. A gente fechou no vermelho. Este ano estamos conseguindo recuperar o prejuízo do ano passado ? conclui Stein.