Criadores buscam liberação de bovinos franqueiros para Expointer 2011

Animais foram barrados do evento devido à ausência de registro definitivo da raçaPrimeiro bovino crioulo a movimentar o comércio na região Sul do Brasil, há mais de cem anos, os franqueiros foram impedidos de participar da Expointer 2011. A decisão é resultado de uma disputa entre criadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina quanto ao registro genealógico da raça.

Com os animais prontos para expor na Expointer 2011, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Franqueiros, Sebastião Fonseca de Oliveira, foi surpreendido na semana passada com um comunicado da Secretaria Estadual da Agricultura, informando que os bovinos não poderão ingressar na feira devido à ausência de registro genealógico definitivo do Ministério da Agricultura.

? Entramos em contato com a associação que detém o registro da raça, que não respaldou a participação desses animais na feira ? explica o médico veterinário da secretaria, Honório de Azevedo Franco.

Caracterizado por guampas curtas e grossas ou finas e compridas, esses animais dominaram o campo nativo do Sul até o início do século 20, quando começaram a ser introduzidas as primeiras raças europeias no país. A partir de então, o material genético foi preservado por criadores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nos anos 2000, no entanto, a denominação do gado crioulo do Sul motivou uma queda de braço entre pecuaristas dos dois Estados.

Em 2008, os criadores de Lages (SC), conseguiram o registro oficial da raça “crioula lageana” na Agricultura, e a nomenclatura “franqueiro” deixou de existir oficialmente.

? A primeira feira agropecuária do Estado, ainda em 1889, teve como campeão um franqueiro. O que estão fazendo é um desrespeito com a história de uma raça que sustentou a economia gaúcha por décadas ? critica Oliveira.

Ainda nesta semana, a associação dos franqueiros irá ingressar na Justiça para garantir a participação dos animais. Para o professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gilson Moreira, a rejeição dos franqueiros é uma ação discriminatória, já que outros animais sem registro genealógico definitivo serão supostamente exibidos no evento ? sob a condição de não participar de leilões ou serem comercializados.

O diretor técnico da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana, Edison Martins, esclarece que a intenção é honrar a portaria ministerial que concedeu o registro oficial da raça.

? Estamos abertos para registrar esses animais e permitir a participação em feiras, desde que o nome lageano seja respeitado ? disse Martins.