Na Expogenética, pesquisador mostra as dificuldades de tornar a pecuária uma aliada no combate à pobreza

História de sucesso do Brasil no desenvolvimento da pecuária pode ajudar outros países a desenvolverem melhor a produção de animaisO Brasil tem uma história de sucesso no desenvolvimento da pecuária, o que pode ajudar países pobres com clima quente que exigem genética adaptada a melhorar a produção. Durante a Expogenética, realizada em Uberaba (MG), um pesquisador da Austrália mostra que a sustentabilidade da pecuária nas pequenas propriedades tem que passar pela interação da genética, ambiente e mercado.

Na Expogenética, os animais selecionados para melhorar a eficiência da pecuária nacional representam bem a história do Brasil, que em 30 anos saiu de importador para um dos principais exportadores mundiais de carne, com um rebanho que passa dos 200 milhões de animais.

Nos países em desenvolvimento, o processo de escolha de raças adaptadas à realidade de cada região e o melhoramento genético estão acontecendo da mesma forma que nos países desenvolvidos, como no século 19 na Europa. A diferença é que agora tudo é muito mais rápido, principalmente por causa das tecnologias que vão desde a inseminação artificial até os exames de DNA.

Se por um lado a velocidade é um ponto positivo para o pecuarista, por outro fica muito mais difícil corrigir possíveis erros durante o processo de seleção na fazenda. E as pequenas propriedades nos países mais pobres não conseguem competir.

É nesta busca pela sustentabilidade que o professor John Gibson da Universidade de New England na Austrália apresentou para os criadores e técnicos brasileiros um panorama sobre a dificuldade de tornar as pecuárias de leite e de corte um ponto forte para combater a pobreza no mundo e fortalecer as pequenas propriedades.

? Existem projetos com organizações não governamentais que desabam quando as ONGs param de injetar dinheiro. Para ser sustentável, o sistema tem que ter continuidade, ter longevidade sem a necessidade da entrada de investimento ou subsídio por parte de terceiros ? disse Gibson.

John Gibson acompanha o trabalho da fundação Bill e Melina Gates que está investindo US$ 100 milhões em um  projeto completo de genética no leste da África para produção de leite. O Brasil é  fundamental para que o projeto, de fato, possa dar o retorno esperado para os africanos, começando pelo Quênia, pela Uganda e por Ruanda.

? O Brasil tem uma infraestrutura, um conhecimento tanto de pessoas quanto de tecnologia quanto de testes numa área tropical que é uma situação única, e uma vez replicada na África, nessas mesmas condições, pode dar um resultado muito substancial para este projeto ? observou Gibson.