A população global deverá aumentar de sete bilhões em 2011 para pelo menos nove bilhões até 2050, aumentando a demanda por água, que já é extremamente escassa em muitos países e deve tornar-se ainda mais por causa do aquecimento global. “Atualmente, 1,6 bilhão de pessoas vivem em áreas com escassez de água. Esse número pode facilmente crescer a dois bilhões em breve, se continuarmos no curso atual”, diz o relatório.
“Com as mesmas práticas (de agricultura), a urbanização crescente e os atuais padrões de dieta, a quantidade de água necessária para a agricultura em termos de evapotranspiração teria de aumentar entre 70% e 90% para alimentar nove bilhões de pessoas até 2050”, conforme a ONU.
O documento, de 35 páginas, foi compilado pelo Programa Ambiental da ONU (UNEP) e pelo Instituto Internacional de Gestão de Água (IWMI). A divulgação ocorreu nesta segunda, no início da Semana Mundial da Água, que está sendo realizada em Estocolmo, na Suécia. O relatório alerta que em muitos países de alta intensidade agrícola, os limites do uso da água foram “atingidos ou ultrapassados”. Entre essas regiões estão o norte da China, o Punjab, área de alta densidade hídrica, na Índia, e o oeste dos Estados Unidos.
As alterações climáticas vão acentuar a escassez de água, na medida em que vai alterar os padrões e a intensidade das chuvas. Só na África, a produção agrícola pode ser reduzida em 15-30% até final do século. O contínuo emprego das atuais técnicas agrícolas, com foco no uso cada vez mais amplo da terra, seria desastroso, diz o documento. “Se as mesmas práticas de agricultura continuarem a ser utilizadas, haverá degradação inevitável ou destruição completa da água doce da Terra e dos ecossistemas costeiros que são vitais para a própria vida”.
“Precisamos trazer a agricultura mais e mais para a ‘economia verde’, em que as práticas agrícolas protegem os preciosos recursos hídricos, da mesma forma que a gestão de valor das florestas ajuda a reduzir emissões de gases estufa”, disse o chefe do IWMI, Colin Chartres.