O produtor rural Odair Schaefer trabalha com pecuária leiteira em Pantano Grande, a 120 quilômetros de Porto Alegre (RS). A propriedade tem 55 vacas que dão em média 25 litros de leite por dia, e fazer a inseminação na hora certa ajuda a evitar perdas na produção. Mas foram quase dois anos procurando um profissional que fizesse esse trabalho. Odair cansou de esperar.
? Eu tive que pegar um funcionário, botar ele em um curso. Então, hoje eu estou bem, tenho um funcionário que insemina. A vaca está no cio, ele leva em casa e insemina. Antes disso, passava muito o cio, porque o veterinário uma hora estava para um lado, outra hora estava para outro, não conseguíamos inseminar, aí tínhamos que esperar 21 dias para voltar o cio e inseminar ? diz Odair Schaefer.
A falta de mão de obra sempre foi comum nos grandes centros urbanos. Agora, o campo também enfrenta esta dificuldade, até com vagas que antes eram facilmente preenchidas.
? Encontramos dificuldade também na área de plantio de arroz e colheita. Aguador de lavoura, que é o pessoal mais antigo que faz essa função, é uma dificuldade de encontrar. Então, quem consegue um aguador de lavoura, vamos dizer assim, tirou a sorte grande, porque quando chega a época do plantio são disputadíssimos os poucos que ainda restam ? declara Vilce Leão, presidente dos Trabalhadores Rurais de Pantano Grande.
Em relação ao primeiro semestre do ano passado, a oferta de vagas no setor agropecuário aumentou 15,8%, enquanto o setor de serviços registrou taxa de quase 4% e a indústria de transformação 3,2%. Foram geradas 235 mil vagas para trabalho no campo.
Para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), o crescimento da oferta se deve, principalmente, ao grande número de jovens que deixam o interior para viver nas cidades. Mas, a dificuldade para preencher as vagas também é influenciada por outros fatores.
? Das principais razões para a falta de empregado no campo, uma delas é o baixo salário pago. Tem que haver também uma conscientização dos empregadores para incentivar os cursos de qualificação ? fala Eloy dos Santos Leon, assessor assalarial da Fetag.