A informação é da pesquisadora Patrícia Santoro, e será apresentada no VII Simpósio de Pesquisa Cafés do Brasil, aconteceu nesta semana em Araxá (MG). A especialista alerta que, apesar de animadoras, as informações são ainda preliminares.
? Concluímos a fase de laboratório, ainda é preciso confirmar esses resultados com testes no campo ? afirmou. Ela acredita que os trabalhos serão concluídos em três anos.
Para a pesquisadora, o estudo de extratos vegetais oferece alternativa segura para o ambiente e de menor custo para os produtores.
? Muitas espécies vegetais apresentam ação inseticida, repelente ou inibidora de alimentação ou de desenvolvimento de insetos ? explica.
Ela acrescenta que a associação dessas substâncias com outros métodos preconizados pelo manejo integrado de pragas pode até eliminar a necessidade de usar agrotóxicos.
Pesquisa
As pesquisas envolvendo o uso de extratos vegetais para o controle de broca-do-café foram conduzidas em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e também envolveram as espécies nim, cinamomo e espirradeira.
Frutos maduros de café foram tratados com extratos das plantas e expostos a brocas adultas. Verificou-se a menor taxa de infestação naqueles tratados com moringa e tefrósia, que seguem agora para avaliação em condições de campo. O efeito inseticida provavelmente se dá pela ação da lectina e da rotenona, compostos presentes respectivamente na moringa e na tefrósia, explica Patrícia Santoro. Ela acrescenta que a eficiência verificada em laboratório pode não se confirmar no campo, pois sofrem interferência de fatores ambientais como temperatura, vento, umidade relativa e radiação ultravioleta.
Além da pulverização dos extratos, também será avaliado o plantio de moranga e tefrósia em consórcio com cafeeiros, para verificar se as árvores produzem efeito repelente à broca.
? Isso agregaria o benefício adicional de sombrear as plantas de café, proteger contra geadas e, ainda, acrescentar biomassa ao solo, por meio de podas regulares que, certamente, serão necessárias ? esclarece a pesquisadora.
Patrícia Santoro também aponta a necessidade de aprofundar estudos bioquímicos para melhor caracterizar as substâncias das plantas que são responsáveis pelo efeito inseticida e, também, a toxicidade para mamíferos e outras espécies de insetos que apresentam efeitos benéficos às plantações, como abelhas e inimigos naturais de pragas.