Com qualificação adequada, pequenos produtores rurais podem lucrar com vendas para o Exterior

Segundo o Sebrae, teoricamente todos têm potencial para exportar, mas são poucos os que participam e lucram com este mercadoO mercado de exportações de micro e pequenas empresas cresce quase 3% ao ano. Produtores rurais fazem parte desta fatia, mas ainda são poucos. Os especialistas dizem que todos têm potencial para lucrar com as vendas para o Exterior.

Levou dois anos para o agricultor Helio de Oliveira conseguir a certificação para exportar figos. E precisou muito investimento para isso.

? Tivemos que fazer novos barracões, peck house, barracões para agrotóxicos, para colocação de adubos, fertilizantes ? conta.

Exportando figo desde 2007, atualmente quase toda a fruta que sai da sua produção vai para a Alemanha, França e Holanda. O produto é diferenciado, escolhido a dedo, e vale 70% mais do que no mercado interno. Por uma caixa, Helio recebe o equivalente a R$ 10.

? Ele é um fruto que não é totalmente maduro. Ele é colhido um terço maduro e dois terços verdes pra aguentar a logística de chegar até a Europa ? explica.

A caixa utilizada é diferenciada, que custa, pelo menos, o dobro do que o mercado nacional. É mais bonita visualmente e existem alguns dizeres que tem que ser colocados em inglês conforme a exigência da certificação.

Produtores como Helio estão à frente no mercado, mas ainda são poucos no Brasil. O Estado de São Paulo tem 300 mil famílias de agricultores, com 85% de pequenos produtores, com propriedades de até 100 hectares. Segundo o Sebrae, teoricamente todos tem potencial para exportar, mas são poucos os que participam deste mercado.

Segundo o consultor de mercado do Sebrae, José Carlos Reis, falta informação e organização.

? O agricultor deve se associar, se organizar, porque ele precisa ter escala e regularidade de oferta. Queremos incutir nos agricultores a cultura exportadora, que é importante. O mercado muda muito e sempre é importante o produtor se preparar para esse mercado ? afirma.

Um bom exemplo é o trabalho feito pela Associação de Produtores de Valinhos, no interior de São Paulo. O presidente, Pedro Pellegrini, conta que os 165 associados querem aproveitar esta fatia de mercado. Apenas 12 já possuem a certificação.

? Um produtor certificado está apto tanto para o mercado externo, quanto para o mercado interno. Toda fruta que sai das propriedades tem uma garantia de qualidade, garantia de boas práticas, de uso correto de defensivos ? conta.

O produtor Helio conseguiu a certificação sozinho, o que é uma exceção, pois o processo é difícil para pequenos produtores, mas não impossível, garante ele, com a experiência de quem já tem intimidade com o mercado lá fora.

? Existem produtores bem mais antigos que nós, que tem a mesma capacidade ou até mais para ter uma melhor qualidade da fruta. É um bom negócio ? garante.