O corretor Samuel Garcia Salomão, que negocia contratos de grãos no mercado futuro, explica que as operações com soja e milho estão em ritmo lento.
? As operações estão lentas porque os negociadores estão esperando o melhor momento ? diz Samuel Garcia Salomão.
Melhor momento que é definido a partir dos números, das projeções de safra feitas pelo governo e por consultorias especializadas. Para a soja, por exemplo, o consultor da FCStone, Glauco Monte, está cauteloso sobre a safra do grão, principalmente por causa do clima. Ele acredita que a área deve ficar em torno dos 24 milhões de hectares. Mas não está muito otimista sobre a produção. A estimativa varia entre 73 e 74 milhões de toneladas.
? O clima deveria ser perfeito do início ao fim, mas a gente está iniciando agora com uma perspectiva de seca para esses primeiros meses de início de plantio e isso poderia diminuir um pouco os rendimentos de soja, não atingindo o máximo que a gente teve no ano passado e a produção ficaria um pouco menor. O preço da soja, a gente acredita que se mantenha em patamares elevados. claro que, com pequenas variações, mas em patamares elevados, até porque a situação internacional da soja é mais apertada ? fala Glauco Monte.
A consultoria Safras & Mercado projeta um pequeno crescimento na área de soja, mas ainda se mantendo em 24 milhões de hectares. A produção deve passar de 75 milhões de toneladas.
? A soja vem mantendo preço e área. Nosso levantamento aponta que a área seja entre 1% e 2% maior nesse ano. O mercado também é promissor. O perfil da soja é tão bom ou melhor que o do milho. Há uma expectativa de remuneração dos produtores ? declara Flávio França Júnior, analista da Safras & Mercado.
Notícias Relacionadas
Já para o milho, a área e a produção devem aumentar. O bom preço do grão estimula os produtores. A Safras & Mercado calcula uma área de 13 milhões de hectares com produção de mais de 61 milhões de toneladas, contando a safra de verão e a safrinha. A FCStone projeta um aumento de até 10% na área (14 milhões de hectares), com uma produção também acima de 60 milhões de toneladas.
? Os preços no mercado internacional estão em níveis muito altos, a bolsa de Chicago está no maior nível que já se viu no milho e isso tende a manter o preço no mercado interno muito forte. Mesmo que você tenha um grande volume aqui, você tem o importador atuando e influenciando os preços no mercado interno ? diz Glauco Monte.
Para o analista da Safras & Mercado, Flávio França Júnior, 2011 será um ano melhor.
? Vamos ter um ano melhor. Desde o ano passado, o mercado vem tendo reação forte no mercado internacional. Isso se manteve. Na safra de verão, o mercado manteve preços melhores que no ano passado. Isso também está valendo para a safra de inverno. Os preços se mantiveram em alta e não há sinal de inversão para o final de 2011 e início de 2012 ? observa França.
Para o operador de mercado futuro, só uma coisa pode mudar essa situação e derrubar os preços dos grãos.
? Só uma crise financeira muito forte pode acabar com essas expectativas, mas que, por enquanto, o mercado vem reagindo bem ? declara Samuel Garcia Salomão.
