Produtores de Uberlândia (MG) aprendem técnicas de fabricação artesanal de queijo

Legislação sanitária é um dos tópicos do curso oferecidoCom um investimento de R$ 16 mil, o município de Uberlândia, em Minas Gerais, construiu uma queijaria modelo para servir de escola aos produtores. O grande desafio é atender à legislação e tirar da ilegalidade a produção de queijo, que vem ganhando novos conceitos ? sem perder as características de cada região.

Desde 2006, o Ministério da Agricultura permite que os serviços de inspeção local se equiparem ao federal, garantindo a venda de produtos de origem animal em todo o país.  Cinco Estados estão enquadrados no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), mas apenas três municípios no Rio Grande do Sul e um em Minas Gerais estão credenciados até agora.

? Nossa intenção maior é dar a possiblidade de os pequenos produtores da agricultura familiar inserirem o seu queijo no mercado. Hoje, pela legislação, todo o produto de origem animal tem de ser previamente inspecionado, e isso não acontece com a totalidade dos queijos ? afirma o veterinário Rodrigo Souza Heitor, assessor de segurança alimentar em Uberlândia.

Antes da prática, os trabalhadores de Uberlândia recebem aulas teóricas com orientações sobre o processo de fabricação do queijo artesanal. Entre os pontos, a importância da higiene em todas as etapas da produção é um dos mais reforçados como componente que garante a qualidade do produto e a segurança alimentar dos consumidores.

? A legislação é clara sobre como deve ser o queijo artesanal. Ele é prensado na mão, de leite cru, até 90 minutos, logo após a ordenha. Não pode passar deste tempo, pois perde a qualidade ? explica a extensionista social da Emater, Aurea Mundim.

O mais difícil para os produtores, no entanto, é organizar a burocracia para iniciar a criação de uma queijaria. De acordo com a veterinária do Serviço de Inspeção de Uberlândia, Eleusa Maria Mendonça Tavares, o produtor precisa de documentos como: memorial descritivo da construção, memorial econômico sanitário e a planta baixa da construção. Com essa papelada, o queijeiro conquista um número de registro do serviço, que permite a comercialização legal do produto.

? Entendo que toda a mudança estrutural começa pela educação. A gente se qualifica para produzir. E aqui na estou tendo a oportunidade de aprender diferentes técnicas ? diz Sonia Franco Souza, que frequenta a queijaria modelo e produz 30 unidades por semana, além de requeijão.