Ritmo das obras de compensação de Belo Monte não agrada autoridades locais

Ministério Público Federal entrou com ações na justiça pedindo a suspensão da licença dada pelo IbamaOnze cidades atingidas pela usina hidrelétrica de Belo Monte começam a receber obras de compensação, as chamadas condicionantes. Mas o ritmo não agrada as autoridades locais. O Ministério Público Federal já entrou com ações na justiça pedindo a suspensão da licença dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) até o cumprimento do que foi acordado.

Para chegar às famílias da zona rural que serão atingidas pela Construção de Belo Monte é necessário passar pela Transamazônica. Na época da seca é muita poeira, e na temporada de chuva fica intransitável.

Na saída da cidade de Altamira há um monumento erguido em 1972 para marcar o início da construção da usina de Belo Monte. É um retrato do abandono da estrada que deveria cortar toda a região norte do país.

Perto de completar 40 anos a Transamazônica ainda está em obras. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) faz a pavimentação de 445 quilômetros entre Novo Repartimento e Medicilândia. Melhorias para facilitar o acesso e a construção da usina.

Nas transversais, o trabalho ficou por conta da Norte Energia que alarga caminhos por onde passavam apenas boiadas e abre espaço na mata fechada. Pesquisadores mapeiam os terrenos e descobrem objetos de grande valor, como pedaços de utensílios que podem ajudar a explicar os costumes de povos que viveram no local. O material arqueológico encontrado, assim como algumas plantas nativas, serão enviados aos Estados Unidos para análise.

A fazenda do produtor João Serra Alvarenga Neto abriga um sítio arqueológico. Ele foi um dos primeiros a ser indenizado. A lavoura de cacau, 20 mil pés, vai dar lugar a uma nova estrada. As árvores começaram a ser cortadas e vão virar carvão para a indústria. João não diz quanto recebeu, mas acha que ficou abaixo da realidade. Ainda assim está feliz com a obra, afinal vai ter uma estrada melhor na porta de casa e em breve deve chegar a energia elétrica, benfeitorias que ele espera há 30 anos.

Onze cidades atingidas pela usina de Belo Monte deverão receber obras de compensação, as chamadas condicionantes.  Demarcação de terras indígenas, construção de novas escolas, postos de saúde, instalação de rede de água e esgoto. Serviços essenciais e precários na região. As comunidades de Belo Monte – separadas pelo rio –  ganharam postos de saúde novinhos que deverão ser inaugurados até o fim deste ano.

Mas as obras estão em um ritmo que não agrada as autoridades. O Ministério Público Federal entrou na Justiça. São 13 ações pedindo a suspensão da licença definitiva dada pelo Ibama ate o cumprimento das condicionantes

Em reunião com a Norte Energia, a prefeitura de Altamira, que deve receber a maior parte das compensações, deu novo prazo para a conclusão dos trabalhos.

E na última reportagem da série Energia do Xingu, veja quais as expectativas de quem mora nas áreas que serão atingidas pela represa e como será o Futuro dessa gente.