É difícil entender porque o embargo às carnes brasileiras só aumenta. Segundo o Ministério da Agricultura todos os questionamentos feitos por Moscou foram respondidos. Apesar disso, a proibição já dura três meses. Para o especialista em Relações Internacionais, Rafael Duarte, a negociação com o maior comprador de carne suína brasileira é mesmo complicada.
? O tipo de negociação que você faz com os russos não é o mesmo que você faz com a Europa, África, Estados Unidos ou Japão. Não é. Eles têm um perfil completamente distinto. Eles nunca mostram os reais interesses numa negociação ? afirma.
A Rússia também poderia estar se aproveitando da mudança de comando no Ministério da Agricultura e da possibilidade de substituições no segundo escalão.
? Há o aproveitamento de uma situação de instabilidade e indefinição sobre a gestão da pasta de agropecuária no Brasil e justamente nesse ponto não se sabe quando vamos poder nos organizar para resolver a questão ? ressalta Duarte.
Para enfrentar a restrição, o setor optou por aumentar o volume das vendas para outros países e abrir novos mercados, como o chinês. Os primeiros embarques já estão para acontecer.
? Nós tivemos dois grandes compradores do Brasil, Hong Kong e Ucrânia, que compraram os estoques que estavam parados em função do embargo russo que está muito indefinido. Se a gente ficar dependendo exclusivamente de um mercado como a Rússia, que é muito inconstante, nós vamos ter sempre esses altos e baixos. A qualquer momento chega rompe o contrato, não se sabe o porquê ? afirma o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
O Ministério da Agricultura se comprometeu a enviar uma equipe de técnicos a Moscou esta semana, a fim de intensificar as negociações, mas a viagem não aconteceu. A pasta alega que a visita foi adiada porque as autoridades sanitárias russas estariam em férias.