Confirmação de foco de febre aftosa no Paraguai gera apreensão entre pecuaristas brasileiros

Em Mato Grosso do Sul, Estado que faz fronteira com o Paraguai, medidas preventivas já foram adotadasA confirmação do foco de febre aftosa no Paraguai gerou apreensão para pecuaristas brasileiros. Em Mato Grosso, onde há 15 anos não são registrados casos da doença, o setor reforça a cobrança por uma política única de erradicação da aftosa no continente Sul-Americano. Já em Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai, medidas preventivas foram adotadas.

No Estado responsável pelo maior rebanho bovino do país, a classe produtora reagiu com preocupação à notícia sobre o foco de febre aftosa registrado no Paraguai. Para a Associação dos Criadores de Mato-Grosso (Acrimat), a constante preocupação com a sanidade animal nas faixas de fronteira, tanto com o Paraguai quanto com a Bolívia, reforça a necessidade de que o combate à aftosa passe a ser feito em uma esfera maior. Segundo a entidade, é preciso desenvolver um trabalho conjunto, que envolva todos os países da América do Sul.

Apesar da distância de 130 quilômetros entre o departamento de San Pedro – onde o foco foi confirmado – e a fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul, o setor também ficou em alerta.

A secretária de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina Correa da Costa Dias, ressaltou que não há motivos para pânico, mas sim para precaução. Por isso, o Estado colocou em prática algumas medidas do plano de contingência de febre aftosa. Foram reativados 15 postos sanitários na faixa de fronteira, onde patrulhas volantes voltaram a transitar.

O superintendente federal da Agricultura do Mato Grosso do Sul, Orlando Baez, informa que a fiscalização foi reforçada. Ele salienta que médicos veterinários vão se juntar a policiais que já fazem o controle da fronteira contra a entrada de armas e de drogas.

? Com esta ocorrência do foco no Paraguai, teremos equipes de veterinários que estarão com estas equipes da operação das forças armadas. Além disso, estamos desencadeando ações de rotinas na fronteira com o Paraguai, com patrulhas volantes móveis e atuação de escritórios na fronteira, com uma estrutura muito boa onde estamos atentos ? informa.

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Francisco Maia, destacou que todos os procedimentos para manter o rebanho livre da doença, como a vacinação, por exemplo, são adotados com rigor pelos pecuaristas sul-mato-grossenses, o que de certa forma, tranquiliza o setor.

O presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, lamentou o caso no país vizinho. Segundo ele o fato preocupa, mas não acredita em reflexos para o setor no Brasil. Ele ressalta a confiança no trabalho de vigilância que é feito na região.

? Com o advento da Zona de Alta Vigilância que foi criada no Mato Grosso do Sul, temos certeza de que o controle destes animais que possam vir de lá para o Brasil, é mais rígido do que anos atrás, quando tivemos o problema ? disse.

As autoridades sanitárias da América do Sul já foram acionadas pelos representantes paraguaios. Segundo o chefe da Unidade de Enfermidades Vesiculares do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), José Naranjo, a confirmação do foco do Paraguai não é motivo de preocupação para outras regiões, pois é de fácil controle reforça a importância da vacinação contra a doença e que ela precisa ser mais intensiva.

? Temos que colocar todos os esforços para investigar e intervir nestas áreas que são áreas complexas, que são áreas de pecuária extensiva, que são em alguns casos criações de pequenos proprietários que não tem muita claridade sobre a necessidade de ter o gado vacinado ? argumenta.

Em 2005, Mato Grosso do Sul enfrentou um dos piores momentos da história da pecuária local. A confirmação de vários focos de febre aftosa no sul do Estado, em outubro daquele ano, provocou a interdição de quase 1,3 mil propriedades e o sacrifício de mais de 34 mil animais. Além disso, na época, mais de 50 países fecharam as portas para a carne bovina do Estado, gerando prejuízos que – apenas em Mato Grosso do Sul – passaram de R$ 1 bilhão.