Empresários reclamam das dificuldades de investir em portos brasileiros

Representantes do setor contestam decreto 6620, que regulamenta concessãoEm meio à crise financeira, empresários brasileiros reclamam das dificuldades para investir na construção de portos. Durante audiência pública conjunta das comissões de Agricultura e Infra-estrutura do Senado, os representantes do setor discutiram com o secretário Especial de Portos da Presidência da República, Pedro Brito, o decreto 6620, assinado em outubro pelo presidente Lula, que regulamenta a concessão de portos e terminais portuários do Brasil.

Brito afirmou que, apesar da crise econômica mundial, os investimentos portuários vão continuar no Brasil.

? Nós estamos assistindo a vários projetos que estão em implantação no Brasil. Estamos com novos investimentos no setor portuário.

Mas o otimismo do ministro não foi visto entre os parlamentares da comissão, que reclamaram do decreto:

? Além da crise internacional, além do recuo dos investimentos de todos os países, nós ainda conseguimos impor mais um empecilho, mais uma dificuldade e uma restrição para que esses investidores não possam querer construir portos nesse país ? afirmou a presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

Os representantes do agronegócio consideram o decreto inconstitucional, porque, segundo eles, estabelece dispositivos que contrariam a Lei dos Portos. Um dos pontos mais contestados é o que limita os investimentos em terminais privados. Esta também é uma das reclamações das empresas transportadoras:

? O decreto nos choca no fato de que a iniciativa privada, em terras privadas, tem que ser obrigatoriamente levada à licitação. Por que obrigar uma terra privada a ser colocada em licitação pública e podendo cair na mão de terceiros? ? questiona o diretor do Centro de Navegação, Nelson Carlini.

Mais de acordo com o ministro Pedro Brito, o decreto apenas separa os terminais privativos daqueles que irão prestar serviços públicos.

? O que fizemos foi separar os terminais privativos que fazem parte do processo produtivo de uma empresa, que aí sim a autorização continua, daqueles que irão prestar serviços públicos. Eu não vejo porque a iniciativa privada temer a licitação.