Intercâmbio agrícola nos Estados Unidos atrai estudantes brasileiros

País é destino preferencial de 1,5 mil alunos de áreas ligadas ao agronegócioOs Estados Unidos é o destino preferencial para intercâmbio de 1,5 mil estudantes por ano, de áreas ligadas ao agronegócio, com o objetivo de conhecer uma nova cultura e aprender inglês. No Estado americano de Dakota do Norte, os estudantes têm a oportunidade de trabalhar com profissionais da área em fazendas onde a tecnologia é o grande diferencial da produção.

A estudante de agronomia Paola Jurca chegou em fevereiro de 2011 ao país para participar de um programa de intercâmbio em fazendas americanas. Ela mora há oito meses na propriedade de uma família em Valley City, no Estado de Dakota do Norte e afirma que a experiência vale a pena.

? Precisei vir para os Estados Unidos para descobrir que posso trabalhar na minha fazenda. Aqui aprendi que eu posso fazer tudo ? disse a estudante.

A propriedade onde ocorre o intercâmbio pertence ao produtor rural Greg Sveninnsen. Ele é hostess (anfitrião) e há 15 anos recebe estagiários em sua propriedade. Segundo o produtor, ele aprende mais do que ensina com os estudantes e prefere trabalhar com estagiárias, pois acredita que as mulheres, se comparadas aos homens, entendem e executam melhor o trabalho no campo. Sveninnsen repassa as tarefas nas lavouras de milho e soja e o cuidado dos animais para Paola todos os dias.

? Isso é bom para mim, quando eu voltar ao Brasil vou poder mostrar que tenho algo novo para oferecer ? afirma a estudante.

No entanto, a adaptação ao novo país pode ser difícil nos primeiros dias. Dakota do Norte é um dos Estados americanos mais frios. Durante o inverno, as temperaturas podem chegar a 20ºC negativos. As primeiras nevascas acontecem em novembro e podem se estender até fevereiro.

? Saí de um país tropical com calor de mais de 40ºC e cheguei em uma cidade com frio de 20ºC negativos ? disse Paola.

O estudante paranaense Marcos Abrão chegou na mesma época aos Estados Unidos e atualmente mora numa propriedade na cidade de Kensal, também no Estado de Dakota do Norte. Em pouco tempo o estagiário ganhou a confiança do produtor rural Paul Spitzer, dono das terras em que trabalha.

Abrão e um colega ucraniano colheram o trigo nessa safra. As máquinas, apesar de serem maiores do que as do Brasil, possuem a mesma tecnologia, com GPS e piloto automático. Spitzer afirma que em quatro anos de intercâmbio já recebeu três brasileiros como estagiários na sua propriedade.

A coordenadora agrícola da organização de intercâmbio Communicating for Agriculture Education Programs (CAEP), Maja Behres, afirma que os brasileiros são ótimos trainees porque têm uma carreira orientada e se interessam pela agricultura, isso faz deles ótimos candidatos para trabalhar com os fazendeiros americanos. Além disso, ela destaca o jeito brasileiro de se relacionar com as pessoas.

Marcos Abrão comenta que os ganhos com o intercâmbio vão além do aprendizado profissional.

? Aqui a gente cresce como homem e como profissional ? afirma o estudante.

– Saiba mais sobre a série de reportagens especiais sobre a produção agrícola no Meio-Oeste dos Estados Unidos