Cafeicultores de várias regiões lotaram o plenário em busca de soluções para os prejuízos do setor. A principal reclamação é a falta de renda. Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o preço médio de venda da saca de café é de R$ 250, enquanto o custo é de R$ 320.
? É uma situação que beira o desespero porque a partir do momento em que se está produzindo com custo maior que o preço de venda do produto, não há como sobreviver desta atividade ? afirmou o diretor da Cooperativa de São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, Adaílson De Paula.
Representantes do setor cafeeiro ressaltam que a cultura é a que mais gera emprego no campo. São cerca de oito milhões de vagas diretas e indiretas, número que pode cair drasticamente caso o governo não tome medidas emergenciais de socorro aos cafeicultores.
Conforme o presidente da Federação de Agricultura de Minas Gerais, os produtores do Estado não têm mais condições de investir no café.
? Vêm se acumulando resultados negativos e com isso dívidas que foram contraídas vão sendo prorrogadas e adiadas sem nenhum efeito, porque não há formação de renda para pagá-las ? explica Roberto Simões.
Por isso, o presidente da Comissão Nacional do Café da CNA acredita que só existe uma saída para o setor.
? Uma imediata política de renda. Não é possível continuar amargando prejuízo. Este foi um ano de safra alta e mais uma vez o produtor não ganhou absolutamente nada ? diz Breno de Mesquita.
No final da audiência, os deputados aprovaram o documento SOS Café, com todas as exigências do setor. Entre as propostas está a conversão das dívidas em produto físico ? tanto as do Funcafé e da Cédula de Produto Rural quanto as contraídas nas demais fontes de crédito. Os produtores pedem também garantia de preço mínimo, redução do risco bancário para facilitar o acesso às linhas de crédito, a recomposição dos estoques do governo, a realização de um programa de opção pública de R$ 1 bilhão e a capitalização do sistema cooperativo.
? Essa proposta é a solução definitiva para a cadeia produtiva de café no país. Chega de políticas de prorrogação de dívidas ? concluiu o presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes.