Reeleição de Cristina Kirchner deve prejudicar produtores de trigo do Brasil

Especialistas apontam que peso argentino continuar se desvalorizando, situação que incentiva importação por moinhos brasileirosA reeleição de Cristina Kirchner na Argentina deve prejudicar ainda mais os produtores de trigo do Brasil, que passam por dificuldades para comercializar a safra. Especialistas afirmam que a moeda do país vizinho deve continuar se desvalorizando, o que provoca queda dos preços da tonelada do produto e incentiva as importações pelos moinhos brasileiros.Grande parte do trigo que é processado pelos moinhos brasileiros é comprado da Argentina. Segundo especialistas, enquanto o custo de produção aqui

No Brasil, existe um descompasso entre a produção nacional de trigo e o tipo consumido pela indústria, 60% dos mais de 10 milhões de toneladas de trigo que devem ser consumidas até o fim do ano pelos moinhos são do tipo panificação, de melhor qualidade. No entanto, a produção nacional é focada em um tipo de produto de menor qualidade, que é matéria prima para a produção de bolachas, ração animal e farinha de uso doméstico.
Este cenário faz com que a lavoura de trigo perca espaço para a de milho, onde a demanda pelo grão está aquecida e os preços no Brasil e no mercado internacional estão altos. Apesar disso, muitos produtores continuam cultivando o trigo, incentivados principalmente pela política de preços mínimos do governo federal. Segundo Pih, não cabe à indústria absorver toda a oferta.

? A indústria não está disposta a nada a não ser qualidade e preço. Esta é a responsabilidade do segmento, de comprar o trigo mais barato e de melhor qualidade onde tiver. O governo deve direcionar, estimular e desestimular as coisas, não cabe ao setor privado qualquer ação social de suportar o custo de produção nacional ? aponta Pih.
 
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, afirma que os moinhos podem financiar o ajuste da produção nacional.
 
? Se nós conseguirmos ajustar melhor aquilo que é produzido com aquilo que é demandado vamos ter um mais rápido e mais natural escoamento de safra. O governo não vai ter que comprar e intervir. Em certas regiões são os próprios moinhos que tem o entendimento direto com os produtores para que eles produzam o tipo de trigo que o mercado demanda. Os moinhos, por vezes, financiam, e mais do que isso, assumem o compromisso de compra ? explica Amaral.
 
Como solução para deixar o trigo nacional mais competitivo e facilitar a comercialização, Sérgio Amaral aponta o desenvolvimento de outras variedades de sementes.
? Existem os produtores de sementes privados, que estão inteiramente alinhados com este processo, eu tive reunião com alguns deles e eles estão oferecendo equipamentos e métodos de identificação da qualidade do trigo para facilitar essa melhora das sementes. A Embrapa está fazendo um trabalho importante nessa seleção ? disse o presidente da Abitrigo.
 
Lawrence Pih afirma que o governo deve ser o principal agente para estabilizar o mercado.
 
? Deveria baixar o preço mínimo ao preço internacional de trigo de acordo com o nosso câmbio e estimular o trigo de qualidade com preço diferenciado do trigo que não tem demanda no mercado interno ? apontou.