Ainda não se tem um levantamento oficial, mas no campo já se fala em uma safra de 50 milhões de sacas. Seria a maior desde 2002, quando o Brasil produziu 48,5 milhões de sacas.
No Estado que mais produz café no país, os grãos já estão se espalhando pelas ramas. Na região de Araguari, Cerrado de Minas Gerais, a florada deste ano veio com 30 dias de atraso e enfrentou temperatura alta. O intervalo entre a primeira chuva e a segunda exigiu reforço da irrigação, mas nem todos conseguiram atender às necessidades das plantas no momento mais critico da fixação da florada.
? A florada foi desuniforme devido ao atraso de chuva. As chuvas só chegaram mesmo em outubro, e só com a irrigação não foi possível fazer uma boa florada. Algumas áreas tiveram perdas devido à falta de água ? disse Adilson Rodrigues, agrônomo.
A estação das chuvas marca o fim da florada e o início da produção do café. É agora que o produtor faz as primeiras contas para estimar quanto vai produzir na próxima safra. É o chamado ciclo das expectativas, que envolve custos, produtividade e mercado.
Em uma propriedade de 30 hectares, onde há um cafezal novo e outro antigo, é possível perceber pelo tamanho dos grãos que foram três floradas. Na propriedade, choveu 10 milímetros no dia 6 de setembro, o que resultou em grãos maiores. Em 26 de setembro, mais oito milímetros e grãos menores e, por fim, em 5 de outubro, as águas chegaram para ficar e terminaram o serviço que vai servir de base da produção nesta área.
? O café novo pegou uma florada melhor. O café velho fez um pouco de rama, espalmou um pouco, mas na soma vai dar uma boa produção ? falou Valmir Gussoni, gerente de produção de café.
O produtor de café Jaime Bataglini está otimista e se preparou para isso. Ele até escapou da alta do dólar antecipando a compra dos insumos.
? Eu consegui comprar todos os meus adubos em março e abril, antes da alta do dólar. Agora, tem acréscimo de 25% em todos os fertilizantes ? declarou Bataglini.
Jaime trabalha com a expectativa de que os preços possam se manter na casa dos R$ 500 a saca de 60 quilos, mas já sabe que cada safra é feita por ciclos de incertezas.
? Nós produtores, vivemos de emoções a cada momento ? declarou.