Infinity Bioenergy prepara reestruturação, venda de unidade e mudança de nome

Até o final do 2011, empresa produtora de açúcar e álcool pretende sair da recuperação judicial em que se encontra desde 2009A Infinity Bioenergy, produtora de açúcar e álcool controlada pelo Grupo Bertin desde março de 2010, prepara uma reestruturação operacional que inclui a mudança de sua estratégia de negócios original, venda de unidades e até a alteração de seu nome, de acordo com o presidente da companhia, Douglas Oliveira.

Até o final do ano, a empresa pretende sair da recuperação judicial em que se encontra desde 2009.

? Saindo da recuperação, vamos mudar nosso nome, que carrega uma imagem negativa por conta dos problemas de administração que teve no passado ? disse. O objetivo é ter acesso a linhas de crédito governamental que não estavam disponíveis em função da recuperação.

A empresa também vai deixar oficialmente de ser apenas de bioenergia – produzindo etanol – e concentrar sua produção no açúcar. Oliveira chegou à empresa há um ano, com as usinas produzindo 72% de etanol e 28% de açúcar.

? Já estamos produzindo nesta safra 51% de açúcar e 49% de etanol, e a expectativa é elevar o porcentual de açúcar ainda mais ? diz.

O executivo explica que, enquanto em um movimento de alta, os preços do açúcar sobem livremente, os do etanol estão presos ao teto de 70% do valor da gasolina.

?Como o preço da gasolina está congelado, estrategicamente produzir açúcar torna-se essencial para nós.

Segundo ele, investimentos em cogeração não serão prioritários neste momento, em função dos baixos preços pagos pela energia.

? Vender o bagaço para outras usinas é mais rentável.

Com seis usinas, Oliveira conta que a Usina Paraíso, localizada no sul de Minas Gerais, deve ser vendida.

? A usina produz apenas etanol e é mais vantajoso vender a cana-de-açúcar para as empresas próximas que fazem açúcar que produzir o etanol ? afirma.

Com a venda da Paraíso, a Infinity deve concentrar seus investimentos nas suas outras cinco usinas, divididas em dois clusters. O primeiro, localizado em Mato Grosso do Sul, conta com a Usinavi, com capacidade de processamento de 3,2 milhões de toneladas de cana. O outro cluster contém as outras quatro usinas, localizadas na divisa entre os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, com capacidade total de moagem de 5,6 milhões de toneladas.

Neste momento, a empresa se prepara para a divulgação de seu primeiro balanço desde 2008 e conta com a auditoria da KPMG. No balanço da safra 2011/2012, a empresa deverá registrar um faturamento líquido de R$ 612 milhões e um Ebitda (geração de caixa) de R$ 108 milhões. O Grupo Bertin possui hoje 71% do capital da Infinity com o restante das ações estando pulverizado.

? Estamos arrumando a casa, pois queremos mais transparência para atrair novos investidores ? diz. Para a empresa, o investimento prioritário neste momento será em cana-de-açúcar. A capacidade das cinco usinas ativas (descontando a Paraíso, que está parada) é de 8,8 milhões de toneladas, mas o processamento da atual safra 2011/12 deve atingir 6,5 milhões de toneladas. A meta é chegar a 17,5 milhões de toneladas até 2015.

O executivo explica que a dívida da Infinity atinge hoje R$ 482 milhões, dos quais R$ 17,5 milhões deverão ser impugnados, por não estarem comprovados. Segundo ele, todos os credores estão sendo avaliados.

? Cerca de 80% do trabalho já está pronto. Quando o levantamento estiver terminado, poderemos encerrar a recuperação judicial ? diz.

A primeira fase para deixar a recuperação judicial seria o pagamento dos pequenos credores, com dívidas de até R$ 1,5 mil.

? Essas dívidas já foram pagas. O restante temos cinco anos de carência e outros cinco anos para pagar.