Representantes do agronegócio aproveitam Rio+20 para expor as necessidades do setor

Conferência da ONU será realizada em junho do ano que vem no Rio de JaneiroRepresentantes de diversos setores do agronegócio se reúnem até esta terça, dia 8, com representantes do governo federal para discutir o Rio+20, que vai acontecer em junho de 2012. Eles querem aproveitar a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável para expor as necessidades do agronegócio brasileiro.

No evento a conselheira do Ministério das Relações Exteriores defendeu a idéia de que a Rio+20 não deve repetir a Cop15, realizada em Copenhague, na Dinamarca, que foi transformado em um evento mais político do que prático. A conferência que vai ser realizada em junho do ano que vem no Rio de Janeiro, segundo ela, criará um documento com as linhas do desenvolvimento sustentável.

No Brasil 30 ministérios estão trabalhando e já existe um documento pronto, ainda sujeito a mudanças e sugestões de outros países. Representantes da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) que participaram do evento querem alavancar o setor. Eles afirmam que no que diz respeito a sustentabilidade o Brasil está anos luz na frente. No entanto isto não reflete em desenvolvimento.

? Enquanto nós deveríamos ter facilidade para exportar nossa soja com sustentabilidade, já que temos reserva legal, APPs, plantio direto, retorno das embalagens para reciclagem, nós temos visto que temos barreiras comerciais às vezes que são impostas em função de premissas erradas à respeito da verdadeira história da produção de soja no Brasil ? afirma o representante da Aprosoja, Ricardo Arioli.

O setor da soja, segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, está preocupado e participa há tempos de eventos mundiais que discutem a sustentabilidade. Mas desta vez a oportunidade deve ser única, os holofotes do mundo estarão voltados para o Brasil.

? Tentar aproveitar o espaço que está se abrindo, que inteligentemente o Brasil está propondo em quatro dias, para permitir que as instituições, organizações civis tenham a possibilidade de expor as suas demandas. E de uma certa forma tentar canalizá-las para que elas possam ser utilizadas no relatório final da conferência ? pontua Lovatelli.

A economia verde é um dos caminhos apontados como solução. Segundo o engenheiro ambiental Marcelo Schmid, o produtor deve receber em troca da preservação. Ele afirma que sem o pagamento por serviços ambientais, o futuro do planeta é duvidoso.

? Hoje a gente é capaz de valorar um bem ambiental pelo carbono. Mas muitos outros vão vir: biodiversidade, água, solo, uma infinidade. Sem o pagamento o produtor é forçado a infringir a lei, desmatando porque não tem nenhum benefício ? ressalta.

Assuntos que devem ser discutidos nos próximos meses, debates que já deveriam ter saído do campo teórico. Representantes da Aprosoja afirmam que o Brasil está atrasado.

? Temos que discutir mais, sabermos da importância de ter a Rio+20 que é uma conferência internacional sobre clima, sustentabilidade, economia verde. É hora de você discutir e isto já deveria ter começado ? afirma Arioli.