A previsão de colheita é de 240 mil toneladas, 12% menos do que no ano passado. A dificuldade de comercialização em 2010 desestimulou o plantio. A produtividade também caiu. Neste ano, a média catarinense é de 2,535 mil quilos por hectare, uma queda de 8%.
Isso faz com que o trigo seja uma alternativa pouco atrativa. O agricultor Valdomiro Cambrussi, de Guatambu, no oeste catarinense, planta trigo para o solo não ficar parado no inverno e preparar a área para a lavoura de soja, que vem dando melhor resultado.
A área de Valdomiro está com rendimento de 50 sacas por hectare, igual a do ano passado. Ele plantou 125 hectares do cereal, 25 a mais do que em 2010, estimulado por um preço próximo de R$ 28 a saca. Só que agora, na colheita, o valor baixou para próximo de R$ 23.
? A colheita está boa, mas, tirando a despesa, não vai sobrar quase nada ? reclama o agricultor.
Para o vice-presidente da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Cládis Furlanetto, mesmo com o preço baixando, em média, R$ 4 a saca na colheita, o resultado ainda deve ser positivo para a maioria dos agricultores. Além disso, a qualidade do grão está boa em cerca de 70% dos grãos. O motivo é o tempo seco no período da colheita catarinense.
A Cooperalfa industrializa toda a safra que recebe. Neste ano, deve receber 1,2 milhão de sacas ? o que significa uma queda de pelo menos 15%, devido à redução na área plantada e na produtividade. Cerca de 25% das lavouras já foram colhidas.
Mesmo com uma safra considerada boa, a cooperativa terá que comprar da Argentina e Paraguai mais um milhão de sacas para industrialização. O motivo é que o Brasil tradicionalmente tem produção insuficiente para a demanda.
De acordo com a economista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Márcia Janice da Cunha Varaschin, o Brasil produz apenas metade do consumo anual do mercado interno, que é de 10,4 milhões de toneladas. Um dos motivos é o clima, favorável somente na região Sul. Rio Grande do Sul e Paraná são responsáveis por 80% da produção. Santa Catarina responde por cerca de 5%.