Moscas podem diminuir o peso do gado em até 20%

Insetos ainda chegam a provocar queda de até 60% na produção de leite do animalO clima sul-matogrossense em período de chuvas favorece a proliferação das moscas, que preferem a umidade em torno de 25 graus. Esses insetos podem diminuir o peso do bovino de 15% a 20%, provocando a queda de até 60% na produção de leite do animal. Em busca de soluções sobre o tema, profissionais e pesquisadores rurais se reuniram nessa segunda, dia 21, no auditório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Campo Grande (MS), para o Workshop Mosca-dos-Estábulos.

Mosca-dos-chifres, carrapato do boi e mosca-dos-estábulos são consideradas pelos produtores de gado as maiores pragas possíveis, podendo ser responsáveis por grandes prejuízos. As moscas atacam principalmente as pernas do bovino com picadas doloridas, além de seu costado e dorso. O inseto por ser irritante ao gado, ele faz com que o animal se debata causando lesões de automutilação, provocando perda de peso e a conseqüente redução no valor e qualidade da carne do animal.

? O conhecimento sobre a biologia dos insetos pelos produtores é muito superficial, o que dificulta o seu entendimento sobre a real necessidade de controle e a aceitação das recomendações de controle, em especial o estratégico ? afirma o biólogo e entomologista, Wilson Wener Koller.

Em Mato Grosso do Sul o grupo de pesquisa da Embrapa desenvolveu 58 testes em 38 propriedades rurais e os resultados indicaram 97,4% resistência das moscas quanto as piretróides, venenos que trabalham com intuito de manter os canais de sódio abertos nas membranas neurais dos insetos. Porém, segundo os dados da Embrapa, o processo de higienização dos pastos e o manejo adequado dos subprodutos, com o controle dos focos de criação das moscas, representam 90% de sucesso.

? Restos de alimentos úmidos e palha, juntos aos dejetos dos animais, são os principais motivos do desenvolvimento das moscas que se abrigam em árvores, bosques, cercas, paredes e cochos, e se dispersam de 10 a 30 quilômetros, com possibilidade de atingir até 200 quilômetros a mais de distância. A mosca em apenas três minutos suga o suficiente para ficar repleta de sangue ? disse o pesquisador da Embrapa, Wilson Koller.

Há um número limitado de pessoas para realizar o tratamento do modo correto e no devido tempo, em especial com respeito ao estágio de desenvolvimento da praga. Muitos produtores não utilizam o produto adequado, e quando se utiliza, a dosagem é superior ou inferior a recomendada. Essas foram algumas das preocupações expostas durante o Workshop.

? Para orientação dos produtores e indústrias, de como se portar e evitar os problemas ocasionados pela mosca-do-estábulo, a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) já apoiou seis eventos referente ao tema e emitimos folders de orientação ? afirma o presidente da Biosul, Roberto Hollanda.

A falta de controle da praga por um profissional qualificado, ou no mínimo orientado quanto às precauções com as moscas, pode gerar retorno negativo, bem como o acréscimo no custo da produção, prejuízo na rentabilidade, problemas com barreiras sanitárias e infestação que pode persistir e ainda se agravar.

A Biosul, junto a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), participam de dois eventos por ano, desde 2009, em busca de soluções referentes aos problemas ocasionados por insetos na zona rural dos municípios do Estado.

? Apoiamos dois eventos por ano para contribuir com a eliminação das pragas que agem contra o gado, entre seminários, workshops e treinamentos no interior e na capital. Intencionamos contribuir com a lucratividade do produtor e com a harmonia na produção de região ? afirma Hollanda.