Código Florestal: novo texto alivia quem desmatou, diz Marina Silva

Após pressão da bancada ruralista, senadores aprovaram em comissão possibilidade de serviços ambientais em vez de multaUma reunião que se estendeu pela madrugada garantiu nesta quarta, dia 23, a votação do Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Aprovado por 16 votos a um, o texto será apreciado em plenário na próxima semana e depois seguirá para a Câmara para análise final.

Apesar do acordo, a votação durou cinco horas e ocorreu sob protestos de ambientalistas. Com nariz de palhaço e segurando cartazes, eles permaneceram do lado de fora do plenário, gritando palavras de ordem. Lá dentro, foram representados pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Revoltada com o resultado da votação, Marina disse que irá recorrer à presidente Dilma Rousseff. As mudanças conduzidas no texto, contudo, tiveram o aval do Planalto.

? Só nos resta agora a campanha do veto. A presidente Dilma assumiu um compromisso com a sociedade de que vetaria qualquer anistia para desmatador ? afirmou Marina.

Em seu blog, a ex-senadora escreveu que o texto apresentado “é bom para quem desmatou”. Segundo Marina, o substitutivo de Viana não altera pontos cruciais, como a anistia a crimes ambientais, o que permite a não recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal desmatadas.

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Também descontentes com alterações feitas pelo relator, senador Jorge Viana (PT-AC), integrantes da bancada ruralista haviam ameaçado boicotar as votações na Câmara e no Senado caso não houvesse recuo do governo. Na tentativa de fechar um acordo, os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) conversaram com Viana e os senadores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Waldemir Moka (PMDB-MS). Ficou acertado que Viana aceitaria uma emenda que atendia às reivindicações dos ruralistas.

Na redação final, o texto prevê a possibilidade de converter multas em serviços de recuperação ambiental para todas as propriedades rurais que foram autuadas até 2008. Outro tema polêmico alterado foi a permissão de produção agropecuária em morros com inclinação de até 45 graus.

O conceito de agricultura familiar será equivalente à pequena propriedade de até quatro módulos rurais e todas as atividades em margens de rios vão exigir recomposição de faixas de vegetação. No caso de rios de até 10 metros de largura, a recuperação terá de ser de, no mínimo, 15 metros. Para rios maiores, a medida varia entre 30 metros e 100 metros.

? As emendas consolidaram mudanças importantes. Não teve negociata, fizemos as coisas pensando sempre no Brasil ? afirmou Viana.

Para o assessor de meio ambiente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Alexandre Scheifler, a interpretação do texto aprovado é positiva.

? Fica dentro da nossa linha de trabalho principalmente no reconhecimento das áreas consolidadas e com relação à continuidade das atividades ? aponta Scheifler.

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