A queda da cotação média do litro na fazenda, que começou este ano em R$ 0,55 e está fechando em R$ 0,48, segundo a Emater, ocasionou abate de animais e redução de investimentos em alimentação, tornando a oferta mais escassa.
Pelo menos até fevereiro, o reflexo desse cenário deve ser a valorização da matéria-prima, estima Ernesto Krug, presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas. Nem mesmo a desaceleração da economia deve evitar esse movimento. Até porque o leite é um produto básico, cuja demanda sofre menos o impacto de uma redução no poder de compra da população. A alta no preço de outros alimentos pode inclusive estimular o consumo de leite, que se torna substituto de outros produtos de maior valor agregado.
Uma das principais empresas do setor, a Perdigão, por exemplo, que tem cerca de 30% de seu faturamento proveniente de lácteos, prevê um aumento de aproximadamente 7% no volume de vendas do segmento no mercado interno no próximo ano.
Embora Krug preveja retração, especialmente nas compras de países importadores com economia atingida pela queda no preço do petróleo, como a Venezuela, relatório da Fator Corretora projeta para 2009 demanda semelhante à registrada em 2008.
Bacias leiteiras têm espaço para aumento da produção
O Brasil se tornou exportador de leite em pó há cerca de três anos e ainda há espaço para aumento de produtividade das bacias leiteiras, especialmente no sul do país.
O ano de 2009 também deve ser propício à consolidação do setor. O especialista na área de alimentos de bebidas Adalberto Viviani, da Concept Consultoria, aponta o segmento de laticínios como um dos mais prováveis a fusões e aquisições. O presidente da Perdigão, Luís Antônio Fay, porém, sugere que a companhia deve ficar fora desse movimento. O executivo assegura que R$ 600 milhões em investimentos estão mantidos para 2009, e que os projetos já iniciados pela empresa terão prioridade. Fay não inclui entre as prioridades a compra de ativos da Laep ? proprietária da Parmalat ? que foram colocados à venda.