– Na crise, os mercados de commodities, sejam metálicas, energéticas ou agrícolas, se fundem com o mercado financeiro de forma muito forte. Isso porque a aversão ao risco é geral, então todo mundo quer um porto seguro. E o que é um porto seguro? Os treasuries americanos e o ouro. Todos saem do mercado financeiro, do mercado de commodities. A fuga é geral – diz.
O preço da soja recuou 22% nos últimos três meses na bolsa de Chicago, de US$ 14,49 por bushel para US$ 11,31. Já o milho caiu 21%, de US$ 7,63 para US$ 6,01 por bushel. Mesmo assim, as cotações continuam acima da média histórica dos últimos cinco anos, que para a soja é de US$ 11 por bushel e para o milho é de US$ 4,70.
– Acho que, se a gente não tivesse a influência dessa crise financeira, essa liquidação de fundos, a soja não teria caído tanto, nem o milho. Então, se estabilizar um pouco o mercado financeiro, sem essa liquidação de fundos, essa influência negativa, teremos preços mais altos – afirma o corretor da FcStone, Glauco Monte.
Sinal de que os preços continuam remuneradores é o estágio avançado da comercialização da safra 2011/2012 de soja do Brasil, conforme Sayeg.
– Os números de comercialização da safra já nos mostraram que os produtores se anteciparam na comercialização. Temos 40% da safra comercializada, quando a média para este período do ano foi de 25% a 30% nos últimos anos – aponta.
Esta queda nas cotações deve prejudicar a receita com as exportações da soja nos próximos meses. Mesmo com a volta do dólar ao patamar de R$ 1,80, a rentabilidade deve cair. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a tonelada em janeiro era negociada no Porto de Paranaguá a US$ 539. Em outubro, o preço chegou a US$ 467, queda de mais de 13%.
– Para a próxima safra, estamos trabalhando com a estimativa de 75 milhões de toneladas. Só que as divisas de exportações estimamos US$ 2 bilhões a menos, ajustando um pouco os preços. Valor que não entrará no mercado por variações que são normais. Não estou atribuindo nada anormal – diz o secretário geral da Abiove, Fabio Trigueirinho.