O produtor remove os eucaliptos plantados na margem do rio para refazer a mata ciliar com a vegetação nativa. A iniciativa faz parte do projeto que realiza mutirões com estudantes de escolas municipais e estaduais. Durante um dia, os alunos deixam as salas de aula para fazer o plantio de mudas em áreas públicas e privadas onde a mata ciliar precisa ser recomposta.
– Foi uma aula diferente. Todo mundo ajudou, uns limpavam, outros faziam um buraco para enterrar as mudas. Isso aí é até para as pessoas verem que precisa mais árvores perto dos rios – conta o estudante Emerson Rodrigues.
– A gente plantou as mudas e quando elas crescerem as raízes vão segurar a terra. Quando der enchentes, não carrega, protege para não desbarrancar mais – relata a estudante Giulia Giacomelle.
Além de áreas públicas se buscou parceria com agricultores para o replantio dentro das propriedades. Cabe aos produtores receber os estudantes e depois e cuidar da área onde foram plantadas as mudas.
– Muitos agricultores querem aproveitar a terra e acabam avançando a margem do rio. E daí vem à erosão, a chuva e acaba levando a margem do rio e também a terra. Então a importância desse projeto é recuperar essas áreas e procurar educar o agricultor a não desmatar mais nas margens dos rios – reforça o produtor rural Volmir Rech.
A ideia do projeto começou com a professora e bióloga Cláudia Schirmer, que trabalha com conscientização ambiental com seus alunos há 13 anos. Da teoria ela passou para a prática e então contou com apoio de diversas entidades e da comunidade para viabilizar as atividades.
– As melhores soluções para os problemas ambientais locais elas vem da própria comunidade. A gente trabalha com a comunidade, com os agricultores, com as mulheres dos agricultores, com os filhos dos agricultores nesse sentido – explica.
O apoio financeiro veio do Ministério Público que passou a destinar as verbas arrecadadas com multas por desmatamentos de propriedades rurais para incentivar o replantio. É a união da conscientização ambiental com o trabalho prático que precisa ser realizado nas propriedades pensando na sustentabilidade da produção.
– Com certeza esse trabalho cada vez mais vai crescer, até porque hoje é uma obrigatoriedade da lei a reposição da mata ciliar. Então, cada vez mais eles estão se conscientizando e estão trabalhando nesse sentido – aponta a Técnica da Emater, Isabel Vanessa de Souza.
Apesar do município já ter avançado em diversos aspectos referentes à questão ambiental, o Código Florestal também causa preocupação. Isso porque 70% da área do município é considerada área de preservação permanente.
– Na verdade a nossa área mecanizável é tão pequena que nós vamos enfrentar sérios problemas com o Código Florestal. Já estamos enfrentando uma série de problemas com os moradores com relação às ligações de energia elétrica em casas inseridas em áreas de APP, pois a CEEE não liga mais a energia elétrica. Então nós temos uma série de dificuldades e nós vamos ser prejudicados sim. Já estamos sentindo que muitas famílias de pequenos agricultores vão ter que sair do meio rural – revela o prefeito de Maquine (RS), Alcides Scussel.
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