Desde o meio do ano, quando a Rússia suspendeu os negócios com 85 frigoríficos alegando problemas no controle sanitário brasileiro, os produtores investiram em outros mercados como Hong Kong e Ucrânia. É de olho nestes países, pouco afetados pela crise na União Européia, que o setor projeta crescimento de até 15% nas exportações.
– O nosso status sanitário não deixa a desejar a país nenhum, tanto que tivemos recentemente missões da Coréia do Sul e Japão e as plantas foram aprovadas. Não há problemas do ponto de vista técnico – afirma o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
O crescimento é possível, dizem os analistas. No entanto, depende de mais abertura de mercados rígidos. É o caso da China. Atualmente apenas três frigoríficos brasileiros vendem para aquele país, outros cinco esperam a autorização do governo chinês.
– São mercados que você precisa negociar e conversar. A China tem sido cada vez mais exigente na qualidade, tem credenciado estabelecimentos. No passado os produtos eram exportados livremente e hoje não é mais – avalia o economista José Luiz Pagnussat.
Outra aposta é aumentar as vendas aqui mesmo no Brasil.
– A partir da subida do salário mínimo no próximo mês, é possível diversificar também para o mercado interno e carnes mais baratas como frango e suínos podem ser uma opção – diz o especialista em política internacional Virgílio Arraes.
Em janeiro, representantes do governo brasileiro viajam à Rússia na tentativa de fechar um acordo e retomar as vendas. A entrada do país na Organização Mundial de Comércio pode facilitar o processo, já que as restrições poderiam ter motivação política.