A Rússia paralisou o abastecimento da Europa via Ucrânia, sob alegação de que Kiev desviava o gás destinado ao continente desde 1º de janeiro, quando a estatal russa Gazprom suspendeu o envio do produto para o mercado ucraniano, devido a um impasse comercial. A interrupção atingiu em cheio a Europa, já que um quarto de seu combustível é importado da Rússia ? 80% transportado pelos gasodutos ucranianos.
Com muitas partes do leste e do sudeste europeu debaixo de neve, um clima de pânico se instalou em regiões de países como Bulgária, Macedônia, Sérvia e Bósnia ? todos quase completamente dependentes do gás russo para o aquecimento central. Escolas, clínicas e hospitais que não conseguiram se adaptar tiveram de fechar as portas temporariamente. Várias empresas e fábricas foram obrigadas a mandar os trabalhadores para casa.
A Eslováquia declarou estado de emergência e ordenou a mil indústrias no país que reduzam o consumo do combustível. Na Hungria, o governo pediu às termelétricas que migrem da queima de gás natural para petróleo ou carvão a fim de gerar eletricidade, mas a mudança leva tempo.
Nessa quinta, dia 8, depois de intensas negociações, União Europeia (UE) e Rússia chegaram a um acordo. Monitores enviados pelo bloco devem assumir ainda nesta sexta, dia 9, o controle do fluxo de gás nos dutos ucranianos. Com a presença dos observadores, Moscou promete liberar o abastecimento para a Europa.
Mesmo que o envio seja retomado imediatamente, pode levar pelo menos dois dias para normalizar o fornecimento ao consumidor. Os Bálcãs, inclusive, podem viver uma “catástrofe humanitária” se a interrupção continuar, advertiu o diplomata Hido Biscevic, que chefia o Conselho de Cooperação da região. Em Sofia, capital da Bulgária, centenas de búlgaros furiosos protestaram, acusando a Ucrânia e a Rússia de serem “terroristas do gás”.