O agrônomo Geraldo Diniz Junqueira se formou em agronomia em 1943 e passou por todos os períodos que marcaram os tipos de pastos usados na engorda de bovinos nos últimos 69 anos:
– Desde o capim gordura, o jaraguá, posteriormente o colonião e, depois, vieram as braquiárias, que tomaram conta do Brasil. Hoje nós estamos com as terras trabalhadas e tratadas, com três ou quatro tipos de varietais de panicum maximum com plena eficiência. .
As pastagens pelo Brasil estão mudando. Um grupo de técnicos que percorreu 30 mil quilômetros em 2011 pelo interior do país encontrou o pecuarista investindo em tecnologia, comprando sementes certificadas.
– De todo mundo que nós entrevistamos, 75% dos produtores falaram que iam renovar e reformar parte das pastagens. Então eles estão mais atentos a isso e estão fazendo como podem. E, além do pecuarista, temos também o agricultor fazendo a integração lavoura-pecuária. O agricultor, durante o período seco, em que tira a safra agrícola, planta capim junto com a última planta e compra animais para terminar. Ele põe o pasto e termina em confinamento. Esse agricultor está aquecendo muito o mercado de sementes – explica Maurício Nogueira, da Bigma Consultoria.
Com base na nutrição, a pecuária moderna está encontrando a fórmula para potencializar ao máximo a genética que não para de avançar.
– Para a gente obter o máximo de performance dos animais, procuramos oferecer pastagem de melhor qualidade, suplementação de melhor qualidade e um suplemento sanitário e reprodutivo também com bastante controle – afirma o veterinário João Carlos Queiroz.
Na Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia (CAROL), no interior paulista, a venda de sementes certificadas no ultimo ano atingiu a marca de 150 toneladas, o suficiente para 15 mil hectares de pastagem. O presidente da CAROL, Jose Junqueira, confirma a mudança de conceito dos pecuaristas e do jeito de trabalhar a pecuária hoje.
– Antigamente nós fazíamos palestras aqui na cooperativa sobre pastagem, sobre mineralização de gado. E a gente ficava telefonando para o pecuarista vir aqui. Hoje se você fizer uma palestra aqui, vem cem ou 200 pecuaristas assistir à palestra porque o interesse é muito grande. Tem que tratar o gado diferente, mineralizar, dar remédio, vacinar. A pastagem também tem que adubar, porque você precisa melhorar a população por hectare.
O produtor Sergio Diniz tem fazendas em três Estados e manda para o abate 3,5 mil animais por ano. Ele sabe a importância de um bom manejo de pastagem com piquetes rotacionados dependendo da fase da criação. O numero de animais por hectare também depende da região e do investimento na pastagem.
– Tem lugar com clima mais difícil, onde você vai ter de meia a uma unidade animal por hectare. E já tem pastejos bem mais intensivos onde você pode atingir até nove ou 10 unidades por hectare. Com adubação irrigação é possível atingir isso hoje em dia.
O grande desafio da pecuária hoje é recuperar as pastagens degradadas e avançar na produtividade de carne e leite por hectare. Mas para as lideranças do setor, não se pode esquecer que esse avanço deve garantir a renda aos pecuaristas e não apenas atender a pressão do mercado e da sociedade.
– O pecuarista tem que produzir de acordo com o que ele vai ser remunerado. Logo, ele não pode investir em altas tecnologias se não tiver renda. Ele tem que produzir carne aqui no Brasil, nossa pecuária de corte aqui hoje é muito dependente de pastagem. O confinamento está crescendo no Brasil e vai crescer muito mais, mas o grande numero de animais que vai para abate é proveniente de pastagem. O pecuarista hoje sabe fazer conta e sabe aquilo que vai colocar melhor rentabilidade pra ele – diz o veterinário João Carlos Queiroz