De acordo com Jank, o país precisa fazer a sua parte.
? Se fizéssemos uma redução expressiva da taxa anual de desflorestamento da Amazônia, assumiríamos uma posição de liderança global nas negociações sobre o clima, porque mais de 75% de nossas emissões (de gases de efeito estufa GEE) estão relacionadas ao desmatamento ilegal, cujas raízes são as deficiências da fiscalização e a falta de direito de propriedade da terra ? afirmou.
Apenas 4% das terras da Amazônia têm títulos incontestáveis, o que transforma a floresta em alvo para posseiros e grileiros. Jank, no entanto, elogiou os esforços que passaram a ser empreendidos pelo governo federal.
? Felizmente, o governo decidiu enfrentar este problema e anunciou, numa mudança histórica de posição, metas internas de redução de desflorestamento na COP 14 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em dezembro em Poznan, na Polônia).
As metas internas fazem parte do Plano Nacional de Mudanças do Clima, aprovado pelo presidente Lula.
O presidente da Unica acredita que se o Brasil realmente atingir o objetivo estabelecido no plano, de reduzir o desmatamento da Amazônia para o patamar de 5,74 mil quilômetros quadrados até ano até 2017, será dado um enorme passo no controle da ocupação da floresta.
? A meta, contudo, só será atingida se o setor privado também se engajar no processo ? ressaltou Jank. ? A moratória da indústria da soja na Amazônia e o apoio irrestrito da indústria sucroenergética à interdição de novos plantios de cana na floresta amazônica e no Pantanal são exemplos de amadurecimento seguido de atitudes concretas de empresários no tema da sustentabilidade ? completou.
Agenda do ano novo
Em 2009, as discussões e consequentes ações contras as mudanças do clima no planeta estarão no centro das atenções do setor sucroenergético, que tem trabalhado ativamente dentro e fora do Brasil em defesa da utilização de fontes renováveis e mais limpas de energia, entre elas, o etanol de cana-de-açúcar.
No caso do Brasil, na visão de Jank, há um enorme potencial para reduzir emissões de GEEs.
? Temos tudo para reduzir nossas emissões com políticas de fomento ao crescimento sustentável na matriz energética brasileira da parcela dos renováveis, como carvão vegetal renovável, etanol e biomassa de cana-de-açúcar, biodiesel, energia eólica e solar ? defendeu Jank.
O Brasil conta hoje com uma das matrizes mais limpas do planeta, com 46% de energias renováveis.
? Apesar disso, infelizmente, a expansão de termoelétricas sujas à base de carvão mineral e óleo combustível e a permanente tentação de reduzir os impostos e os preços administrados da gasolina podem levar a uma queda da participação dos renováveis na matriz energética, a exemplo do que ocorreu nos anos 1990, prevê o executivo.
Cenário mundial
O presidente da Unica acredita que os democratas americanos, liderados pelo presidente eleito Barack Obama, vão mudar o rumo dos EUA no que se refere à mudança climática.
Espera-se que os Estados Unidos se apresentem na 15ª Conferência, em Copenhague (COP 15), com posições inovadoras, assumindo um papel de liderança nas negociações do acordo pós-Kyoto, já que o novo governo americano deve combinar políticas fiscais expansionistas com incentivos a tecnologias menos poluentes.
Para Jank, no entanto, as discussões em Poznan mostraram que não basta vontade política para lutar contra as mudanças do clima.
? Estados Unidos, União Européia, Brasil, China, Índia e Indonésia são atores centrais que precisam exercer liderança na discussão de novas metodologias e mecanismos de incentivo e em compromissos mais ambiciosos de redução de emissões.
E completou:
? Ao menos internamente, é hora de o governo e empresários brasileiros começarem a estudar seriamente a possibilidade de assumirmos metas ambiciosas de redução de emissões por setor, com sistemas de compensações e políticas públicas que premiem tecnologias que tragam benefícios sociais e ambientais para a sociedade.