Baixos estoques de milho mantêm preços firmes em 2011

Ano de 2011 iniciou em clima de redução da área da safra de verão no BrasilO ano de 2011 iniciou em clima de redução da área da safra de verão no Brasil, diante da menor rentabilidade do milho frente a culturas concorrentes em área, especialmente a soja. Mesmo assim, segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), era esperado que os baixos estoques pudessem dar sustentação aos preços nos mercados interno e externo, o que aconteceu.

A maior paridade de exportação elevou os preços internos. Isso ocorreu a partir de meados de janeiro, à medida que favoreceu as vendas para o exterior, o que estimulou o aumento do cultivo no Norte e Nordeste do país.

Entre 30 de dezembro de 2010 e 29 de dezembro de 2011, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas-SP; valores a prazo são convertidos para a vista pela taxa de desconto CDI) subiu 5,6%, fechando a R$ 29,87 a saca de 60 quilos na quinta, dia 29 de dezembro. Se considerada a taxa de desconto NPR, na região de Campinas, houve alta de 5,5% no mesmo período, para R$ 29,41/sc de 60 quilos na quinta.

Safra 2011/2012

O país colheu, em 2010/2011, 57,5 milhões de toneladas de milho. Para 2011/2012, a expectativa é de que sejam produzidas 60,3 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A estimativa de aumento da oferta em 2012 mexeu com os preços no mercado interno. Foram verificadas quedas no final de novembro e primeiras semanas de dezembro.

Mais recentemente, o clima desfavorável começou a falar mais alto. No Rio Grande do Sul a estiagem pode comprometer mais da metade da produção de milho de verão 2011/2012. Situação parecida é verificada também em algumas regiões do Paraná e Centro-Oeste do país.

Com relação ao mercado internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta para uma produção mundial de 867,52 milhões de toneladas de milho em 2011/2012, frente a 827,56 milhões de toneladas na safra anterior.

Do lado da demanda, a expectativa é de que sejam consumidas 868,61 milhões de toneladas de milho na temporada. Na comparação com 2010/2011, a demanda pelo grão aumentará 3%. Com isso, os estoques finais para a safra 2011/2012 são estimados em 127,19 milhões de toneladas, volume quase 5% menor que os estoques médios desde 2000/2001.

Para o consultor e sócio-diretor do Agrosecurity Fernando Pimentel, a oferta e demanda no Brasil e no Exterior indicam uma situação que pode garantir mais um ano de rentabilidade ao produtor. Ele afirma que a empresa onde trabalha já revisa a estimativa de produção. Para a safra de verão no país, prevê pouco mais de 37 milhões de toneladas, 5% a menos que a expectativa do governo, que passa das 39 milhões de toneladas.

De acordo com Pimentel, problemas com o clima em algumas regiões, como o Sul do Brasil devem comprometer a lavoura.

– As previsões iniciais para esta safra era a de que se teria um crescimento da ordem de 4,8% e um aumento de demanda de 3%. Só que com o problema de clima no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Oeste do Paraná, Sul do Mato Grosso do Sul e na Argentina, com certeza, esses números já devem ser revisados no próximo relatório – diz.

Ele aponta que o preço do grão deve sofrer ajuste.

– O milho está limitado na queda. A safra de verão já reserva rentabilidade boa para o produtor rural que colher em boas condições de clima e de produtividade – conclui.