Produtores de leite de São Paulo avaliam custos de adaptação às novas regras de qualidade

Pecuaristas demonstram apreensão em relação a investimentos obrigatórios para se adequar à Instrução Normativa 62As mudanças nas normas de produção de leite, publicadas por meio da Instrução Normativa 62, provocam apreensão em produtores de São Paulo. Os parâmetros para medição de contagem de bactérias e células somáticas se tornaram mais rigorosos a partir do dia 1º de janeiro de 2012, exigindo investimentos de grande parte dos pecuaristas. De acordo com o veterinário José Adorno, a maioria dos pecuaristas está fora dos padrões. Reduzir as células somáticas, alteradas pela mastite, e melhorar a higiene, p

Além disso, acrescenta o engenheiro agrônomo Ricardo Rodrigues Oliveira, a alimentação e o local onde vivem os animais são essenciais no processo de mudança. Para a adaptação, é necessário investir em equipamentos, manejo e mão de obra qualificada.

– Alimentação é que vai dar resistência e imunidade ao animal. Bem nutridos, é mais difícil que ele tenha mastite. E o ambiente é muito importante nesta época de chuvas, que começa a ter ambientes contaminados com lama, esterco. O ambiente vai dar uma condição melhor, pois ele não vai ficar estressado e também proporcionará que não contamine tão fácil o ambiente – explica.

Quem não se adaptar, terá prejuízos, conforme Adorno.

– Tudo vai depender do captador do leite. Perder a bonificação pesa no custo do produtor – diz.

O pecuarista Nicola di Angelis, de Taubaté, São Paulo, conta que quando começou a trabalhar com leite a realidade era diferente.

– Eu cheguei a trabalhar com leite que saía em lombo de animais para chegar à cooperativa. Todas as cooperativas eram encostadas na estrada de ferro. O material era enviado em latões de 50 litros para São Paulo e ia tudo aberto. Vagões como currais, sem refrigeração. E nunca ouvi falar que leite matava – relata.

A nova lei alterou os índices de contagem bacteriana total e a contagem de células somáticas, que antes podiam chegar a 750 mil bactérias por mililitro de leite. Agora, a tolerância caiu para 600 mil. Angelis afirma que investiu e já está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Agricultura. E aponta que sua maior preocupação é o custo para manter a qualidade.

– Nós temos que ter preço para manter qualidade. Se não tiver, acabaremos não tendo condições de tocar e eu me preocupo com o valor. É tanta exigência, mas ninguém fala dos custos que o leite tem para poder produzir da maneira que eles tão exigindo – opina.

O produtor de leite Antônio Carlos dos Santos diz que a única saída para sobreviver no mercado é se adaptar às normas. E defende investimentos em mão de obra e na saúde dos animais.

– A mão de obra é fundamental para conseguir os objetivos. E tem que ser maleável, porque o trabalhador rural acha que ele nasceu naquele sistema do avô, do pai, mas o mundo está mudando. Então, você tem que se adaptar às regras do mundo, principalmente quando passa a ser exportador. A cobrança é muito grande. Ou você se adapta ou sai do mercado. Além disso, um animal sadio vai proporcionar uma produção melhor para você do que um animal doente depois. Reflete no bolso? Opa, como reflete – opina.