Exportadores de frutas do Vale do Rio São Francisco apostam no mercado interno

Instabilidade nas vendas para o exterior e oscilação do câmbio foram alguns dos motivos para a aposta no paísJaneiro é mês de ajustar contratos e fechar negócios para os exportadores de frutas do Vale do Rio São Francisco, no sertão de Pernambuco e da Bahia. A alta do dólar de mais de 12% em 2011 poderia ser encarada como uma ótima notícia pelo setor. Mesmo assim, muitos produtores da região estão se voltando para o mercado interno. O motivo é o aumento do consumo pelos brasileiros e a alta dos preços de insumos importados.

O Vale do São Francisco é o maior exportador de uva e manga do país. A região representa mais de 90% do que o Brasil vende para o exterior.

Os produtores locais aproveitam uma janela de exportação entre os meses de maio a novembro. Neste período, outras regiões produtores do mundo estão na entressafra.

Em 2011 foram quase 100 mil toneladas de manga e 80 mil toneladas de uva. Os principais destinos foram os Estados Unidos e Europa.

No mês de janeiro os produtores começam a receber o pagamento das frutas exportadas. E nesse momento que a questão cambial faz toda a diferença.

O produtor Suemi Koshiyama trabalha com fruticultura no Vale do São Francisco há quase 30 anos. Da propriedade dele são exportadas mais de 15 mil toneladas de frutas. O produtor conta que a alta do dólar no último período trouxe vantagem na hora de receber, chegando a ter cerca de 15% de vantagem.

A valorização da moeda americana não trouxe só vantagens. Os contratos que foram firmados em maio do ano passado com as empresas de insumo ou de embalagens importadas estão vencendo agora e os produtores planejavam pagar cerca de R$ 1,55 pelo dólar. Alguns empresários compram embalagens a mais, inclusive, e usaram no mercado interno. Agora, eles vão ter que fazer o acerto com o valor atual da moeda.

Os gastos com mão de obra também cresceram. Na fazenda de Suemi são mais de dois mil funcionários no período de safra. Ele diz que a valorização da moeda americana, ainda não é suficiente para compensar as despesas com a folha de pagamento. Os salários sofrem reajustes de cerca de 10% ao ano e chegam a representar 60% dos custos da empresa.

Com a instabilidade nas vendas para o exterior, causada pela crise nos países ricos, e a oscilação do câmbio, alguns produtores resolveram apostar no mercado interno. Segundo o secretário de irrigação de Petrolina, Newton Matsumoto, o mercado interno cresceu, enquanto a exportação continuou com o mesmo fluxo que tinha ano retrasado.