Paraguai diz que protegerá fazendeiros brasileiros de invasões

Centenas de "sem-terra" ameaçam invadir propriedades se governo não atender exigências de lhes dar terraO governo paraguaio reafirmou nesta segunda, dia 12, que os fazendeiros brasileiros nas regiões agrícolas serão protegidos de possíveis invasões de autodenominados "sem-terra", mas abriu uma brecha para a alegação destes grupos de que as fazendas dos "brasiguaios" poluiriam as florestas e não seriam regulares.

? Todos os investimentos lícitos serão protegidas ? destacou um documento assinado pelo presidente paraguaio Fernando Lugo e emitido poucos dias após a imprensa reproduzir um relatório apresentado ao Congresso brasileiro pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, expressando preocupação pela segurança dos brasileiros no Paraguai.

A situação dos “brasiguaios” se agravou desde 2004, depois teve “certa distensão, até o ressurgimento, revigorado após a eleição do presidente Lugo”, em 20 de abril do ano passado, segundo a carta de Amorim.

Cerca de 300 mil brasileiros, muitos deles grandes fazendeiros, vivem no Paraguai ao longo da fronteira, sendo a maioria dedicada ao cultivo de soja, principal fonte de renda do Paraguai. Em várias regiões agrícolas do país, centenas de “sem-terra” se mantêm acampados ao redor das fazendas sob ameaça de invadi-las se o governo não atender suas exigências de lhes dar terras.

Eles alegam que grandes extensões de terra foram cedidas a pessoas não submissas à “reforma agrária” e que o cultivo mecanizado de soja depreda as florestas e contamina o meio ambiente com as fumigações maciças.

Perante essa situação, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra paraguaio (Indert) deve apresentar seu plano de reforma agrária que, em uma primeira fase, prevê beneficiar quase seis mil famílias de 60 assentamentos em seis departamentos, entre eles o de San Pedro (centro), região mais pobre do país.