Em zonas de grande produção, como nas regiões de Passo Fundo e Santa Rosa, a última coleta de dados, realizada até o dia 23 de dezembro, sequer registrava previsão de prejuízos. Passados menos de 20 dias, uma estimativa dos escritórios da Emater apontam para quebras de 20% e 21%, respectivamente.
O relatório apresentado semana passada pelo Estado – com base em dados de dezembro -, mostrava uma expectativa de redução de apenas 4% na safra 2011/2012 em comparação com o volume inicialmente esperado – 10,3 milhões de toneladas. Os dados a serem divulgados nesta quinta refletem a situação das lavouras até segunda, dia 9.
A consultoria Safras & Mercado, baseada em informações compiladas até a semana passada, projeta perda de 20%.
Se, a partir de agora, a situação se estabilizasse, a produção chegaria a 8,2 milhões de toneladas de soja – 2,1 milhões a menos do que o projetado.
– Chegou à soja (o prejuízo). E agora a planta entra no período de floração, então a cada dia de sol a situação piora – diz o secretário Estadual de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan.
Com a colheita está prevista para o final do verão, a situação pode piorar.
– Se o clima continuar ruim, o prejuízo vai aumentando – pondera o analista de soja da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez.
E há estimativas ainda mais pessimistas. Para a Cooperativa dos Agricultores em Plantio Direto (Cooplantio), que monitora a situação da cultura em suas 28 unidades pelo Estado, a redução já é de 30%, com tendência de o quadro se agravar.
– E para colhermos em torno de sete milhões de toneladas vai ter de chover bem daqui para a frente – afirma Dirceu Gassen, gestor técnico da Cooplantio, que semana passada percorreu as regiões produtoras da Metade Norte.
Com o preço médio da saca de 60 quilos a R$ 43, o prejuízo poderia variar de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,2 bilhões, sem contar os reflexos negativos no comércio de cidades que vivem da lavoura e na indústria do agronegócio.
>> Veja os efeitos da seca na produção de soja em cada região do Estado