Dificuldades no setor calçadista são lembradas na abertura da Couromoda, em São Paulo

Representantes do segmento, no entanto, demonstram otimismo sobre negócios para 2012As dificuldades enfrentadas pelo setor coureiro-calçadista deram o tom na abertura da Couromoda, em São Paulo, nesta segunda, dia 16. Em 2011, a queda na produção de calçados foi superior a 10%. As exportações caíram e o volume financeiro chegou a US$ 1,2 bilhão. São US$ 700 milhões a menos do que em 2007. Até novembro, o setor registrava 7,8 mil vagas a menos. Segundo o presidente do evento, Francisco Santos, o crescimento de 5% no mercado interno e 7% em termos de valores amenizou o problema.

– Estou otimista em relação a 2012. A gente vai voltar a crescer nas exportações. Outro gargalo setorial são as importações de calçados, sobretudo esportivos. Estamos esperando a decisão do governo que estende para a China nosso processo de antiduping, evitando uma nova marca de origem dos calçados chineses – diz.

Uma barreira comercial imposta pela Argentina contra a entrada dos calçados brasileiros impediu o embarque de cerca de dois milhões de pares entre abril e dezembro de 2011. O prejuízo registrado foi de US$ 22 milhões, conforme o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso.

– A Argentina não honrou do seu lado o limite de importações brasileiras. O Brasil terminou o ano com quase três milhões de pares de calçados parados nos portos argentinos. As empresas brasileiras que tinham perdido datas importantes no comércio, como o Dia das Mães. Também perderam o Natal e nós estamos realmente surpresos. Até porque, o crescimento da indústria argentina já foi muito rigoroso. Há cinco anos, ela produziu cerca de 30 milhões de pares de calçados. No ano passado, superou a marca de 100 milhões e grande parte desta produção foi realizada por empresas brasileiras, que fizeram investimentos vultuosos na Argentina e que hoje são as maiores empregadoras do setor de calçados – salienta. 

O titular interino do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alessando Teixeira, afirmou que o governo brasileiro trata o caso em sigilo. Represálias ao governo argentino não são descartadas.

– Primeiro estamos analisando. É uma questão importante para nós. Foi uma medida nova, a gente não sabe ainda o efeito. O governo argentino tem nos comunicado que isto não vai afetar o comércio com o Brasil e a gente está analisando ainda – aponta.

Mesmo com as dificuldades, Cardoso afirma que o setor tem motivos para comemorar.

– O setor de calçados brasileiros é superavitário no comércio internacional. Um dos poucos setores da manufatura brasileira que, neste momento conturbado da economia mundial, mantêm o crescimento – avalia.

A expectativa dos organizadores é de que 90 mil pessoas circulem pelo evento durante os quatro dias de feira. Pelo menos 50% do público é de empresários, conforme Santos.

– A Couromoda sempre teve uma expectativa positiva. Um terço da produção nacional do ano sai daqui. Eu diria que em torno de 300 milhões de pares devem ser negociados na feira ou na sequência, nos próximos três meses. A Couromoda dá o start – aponta.