– Tem o risco crônico, que é o que principalmente fundamentou a decisão da agência. Isso independe de dose. É claro que, quanto maior a dose, maior o risco, mas em pequenas doses se pode provocar um dano ao sistema reprodutor ou uma mutagenicidade em células, que independe dessa quantidade de exposição – explica.
Em quantidades que ultrapassam o limite recomendado, os agrotóxicos podem ainda contaminar os alimentos, segundo a professora de toxicologia da Universidade de Brasília, Eloísa Dutra Caldas.
– Os níveis encontrados nos alimentos podem ser muito altos e, dependendo do alimento e do padrão de consumo pela população, isso pode representar um risco para a saúde do consumidor de alimentos também – diz.
Representantes da indústria de defensivos consideram o processo de substituição de tecnologias um avanço. Entretanto, para o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, existe um problema de lentidão na liberação de novos produtos.
– A média de novos ingredientes ativos que vão entrar no mercado, que deveriam por lei ser avaliados e colocados à disposição em 120 dias, está levando 38 meses. Isto é uma crítica ao sistema burocrático e em última instância um desserviço ao agronegócio brasileiro – ressalta.
A Anvisa informa que 99% dos processos de registro de novos produtos encaminhados ao órgão têm algum tipo de deficiência e que as adequações acabam provocando a demora na liberação.