O produtor Mauro Valmir Muller, 30 anos, ouviu falar das histórias em que gafanhotos arrasaram plantações. Já prejudicado pela estiagem que danificou quase 100% de sua lavoura de milho e soja em Livramento, Muller torce para que os insetos não cheguem à fronteira, ao mesmo tempo que se informa sobre os danos no Uruguai.
? Seria mais trágico. Não podemos esperar estabilidade na lavoura em meio à estiagem se existe a possibilidade de que uma praga possa vir e piorar ainda mais a situação. Se vier, não quero nem ver ? afirma.
Por enquanto, a ocorrência de grandes populações de insetos são registradas mais do centro para o sul do Uruguai, principalmente nos departamentos de Durazno e Florida. A imprensa uruguaia compara o número de insetos ao ocorrido na década de 50, quando nuvens de gafanhotos tomaram conta do país e atingiram o Rio Grande do Sul. O chefe do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca em Rivera, José Pedro Vargas, tenta não provocar alarde e descarta a possibilidade da praga chegar à fronteira.
Técnicos da Emater acham possível que os gafanhotos atinjam plantações gaúchas. Para o extensionista rural da Emater em Santana do Livramento, Alcedir Drum dos Santos, o Estado, principalmente na fronteira, pode ser vítima das mesmas consequências da seca uruguaia, já que as condições climáticas são semelhantes:
? O que nos beneficia é o fato de as plantações de eucalipto terminarem na linha de fronteira. Mas a grande quantidade de gafanhotos favorece que os insetos se espalhem.
Mesmo com a chuva das últimas semanas, a lista de municípios afetados pela estiagem cresce no Estado e já chega a 78. Pirapó, Quatro Irmãos e São Luiz Gonzaga decretaram situação de emergência na sexta-feira passada.