O mercado prevê um saldo menor para a balança comercial em 2012. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, a diferença entre exportações e importações deve ser positiva em US$ 19,8 bilhões. No ano passado, o superávit passou dos US$ 27 bilhões.
– O crescimento do déficit do setor de bens de consumo, do setor industrial é maior que o crescimento do superávit do setor agrícola. Há uma perda de competitividade clara. Tem que mudar essa “policy mix”. Se mudar isso, se consegue manter a competitividade do agronegócio e aumenta a da indústria – avalia o economista Roberto Troster.
Entre as exportações do setor em janeiro, um dos destaques positivos foi o algodão. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas mais que dobraram tanto em volume quanto em receita. No período atual foram 52,7 mil toneladas exportadas (aumento de 173,6%), que geraram receita e US$ 103,7 milhões (202,3% a mais).
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marcelo Escorel, é previsto um milhão de toneladas de algodão para exportação dessa safra. Escorel acredita que o primeiro semestre de 2012 terá aumento significativo em relação ao mesmo período do ano passado.
– A gente vem de uma segunda grande safra no Brasil de algodão com uma diminuição do consumo interno, que tem direcionado todo o algodão excedente para a exportação. A tendência é se manter assim – afirma,
Outro produto com resultado positivo foi a soja. O volume cresceu 385,5% em relação a janeiro de 2011, com 1,01 milhão de toneladas. A receita aumentou em proporção semelhante: com 331,1% de crescimento, atingiu o total de US$ 461,8 milhões.
Segundo o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o crescimento da safra passada e problemas de infraestrutura provocaram um acúmulo do grão para ser embarcado em janeiro. A exportação passou de 29 milhões de toneladas no ano retrasado para 33 milhões.
– São quatro milhões de toneladas a mais faz com que você tenha que usar todos os meses bem. Nós vamos realmente ter uma queda. Se teve 33 milhões, é provável que se chegue a 30 milhões de toneladas, ou talvez até menos – projeta.
O diretor da Anec explica que a soja que ficou para janeiro tirou espaço de outro produto: o milho. Com isso, as vendas do grão tiveram queda de 17% no volume enviado para outros países, chegando a 852,5 mil toneladas. Na receita, o recuo foi de -3,3%, atingindo US$ 243,1 milhões.
Outra commodity que encerrou janeiro com resultado negativo foi o café, com queda de 24,5% no volume – o equivalente a 1,95 milhões de sacas. Na receita, a queda foi de 0,62%, representando US$ 559,2.