Governo argentino garante que novo regime de importação não prejudicará indústria brasileira

Assunto foi um dos temas de uma reunião de duas horas do presidente da Fiesp com a equipe econômica do país vizinhoO governo argentino garantiu nesta quinta, dia 2 que o novo regime de importação, em vigor desde a quarta-feira, 1º, não prejudicará a indústria brasileira. A saída para manter o comércio bilateral, em um ano de crise internacional e crescimento econômico menor na região, seria aumentar, tanto as compras brasileiras de produtos argentinos, como as importações argentinas de bens e serviços brasileiros.

O assunto foi um dos temas de uma reunião de duas horas, nesta quinta, do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, com a equipe econômica argentina. Participaram do encontro os ministros da Economia, Hernando Lorenzino, e da Indústria e Comércio, Debora Giorgi, além dos secretários de Comércio Exterior, Beatriz Paglieri, e do Comércio Interior, Guillermo Moreno.

– Foi uma reunião muito positiva. Tive a afirmação, por parte do governo argentino, de que não haverá prejuízos [para a indústria brasileira], mas que haverá soluções – disse Skaf ao sair do encontro reunião.

Segundo ele, o aumento das importações de insumos argentinos para a indústria naval do Brasil também foi discutido. No encontro, não se falou sobre os produtos que haviam sido importados antes da entrada em vigor das novas normas e que estão parados nos portos e nas alfândegas – entre eles, tomates em conserva, milho e eletrodomésticos da linha branca.

Pelas novas normas, os importadores argentinos têm que pedir autorização prévia, antes de comprar no Exterior, tanto a Afip (Receita Federal local) como a Guillermo Moreno, autoridade que tem a palavra final. O governo tem até treze dias úteis para responder a cada pedido.

A medida foi implementada às pressas porque a Argentina tem um problema de caixa e precisa manter um superávit na balança comercial de pelo menos US$ 10 bilhões. Com a crise internacional, fica mais difícil exportar e todos querem colocar seus produtos no mercado. Daí a necessidade do governo argentino de contar com um sistema ágil para controlar as importações.

– Este ano a Argentina terá que importar US$ 7 bilhões de energia elétrica – mais que o triplo do que importou em 2011. É o superávit comercial uma das principais fontes de recursos da Argentina, que não tem acesso a créditos externos, desde que decretou a moratória da dívida em 2001. O governo também precisa de dinheiro para financiar as empresas estatais, os planos sociais e os aumentos salariais do setor público. E como a economia este ano só deve crescer 3,5%, ou seja um terço do que cresceu em 2011, a arrecadação de impostos também será menor – disse à Agência Brasil o economista Marcelo Elisondo, diretor da consultora DNI.

Antes da reunião com a equipe econômica argentina, Skaf também se reuniu com representantes das principais empresas brasileiras na Argentina, para ouvir as dificuldades que cada setor tem enfrentado.

– A maior preocupação dos empresários é que ninguém sabe ao certo como funcionarão as medidas. Ou seja, tem um clima de incerteza. Várias empresas que estão importando bens de capital, para produzir aqui, estão com dificuldades. Mas é preciso aguardar alguns dias para ver como funcionarão as novas medidas – disse o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Jorge Rodriguez Aparício.